Bispo de Beja realça pertinência da viagem de Francisco no atual quadro europeu e mundial
Beja, 24 set 2014 (Ecclesia) – O bispo de Beja dedicou a sua nota semanal à viagem do Papa Francisco à Albânia, apontando aquele país como “modelo de convivência” social e religiosa, em contracorrente com o que se passa atualmente na Europa e no mundo.
No texto enviado à Agência ECCLESIA, D. António Vitalino frisa a importância da passagem do Papa por uma nação “onde prima a diferença em todos os sentidos, mas as pessoas vivem em paz, procuram o consenso em vista do bem comum”.
“Olhando para a Albânia (…) sentimos que não é a riqueza nem a diversidade a causa da coesão desse povo. Depois de uma longa ditadura do comunismo ateu militante, com muitos mártires da fé e das convicções democráticas, o povo albanês descobriu o valor da liberdade e da fraternidade”, escreve o prelado.
Para o membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, a realidade albanesa pode e deve constituir um “bom exemplo” perante o que está a acontecer na União Europeia e em várias nações do Velho Continente, onde crescem as tensões e fraturas sociais.
A Escócia, onde recentemente foi realizado um referendo sobre a continuidade ou não daquele país no Reino Unido, e a Espanha, com o movimento separatista na Catalunha, são faces visíveis de uma tendência que também tem eco em Portugal.
Isto porque da Madeira chegam “vozes” que reclamam “maior autonomia em relação ao Continente”, recorda o responsável católico.
Quanto ao sonho de “uma comunidade europeia alargada, democrática, forte, com igualdade de direitos e deveres de todos os cidadãos”, D. António Vitalino considera que ele está em causa, quando até há bem pouco tempo “parecia irreversível”.
A tudo isto juntam-se ainda os “horrores perpetrados” por aqueles que, no Médio Oriente e em África, “querem construir um estado islâmico, só de fiéis do Islão”.
O bispo de Beja espera que, no meio de todos estes “acontecimentos”, o foco momentâneo que esteve colocado na Albânia, através da visita do Papa, possa de alguma forma iluminar uma sociedade onde “o ter e o poder afastam as pessoas umas das outras e criam invejas, rivalidades e desigualdades”.
Pelo menos que tenha reforçado a necessidade de cada um “não cruzar os braços como espetadores impassíveis”, exorta o prelado.
JCP