Lisboa: D. José Policarpo foi «grande figura» da Igreja, diz Guilherme d’Oliveira Martins

Marcelo Rebelo de Sousa recorda papel do falecido cardeal na cultura portuguesa

Lisboa, 12 mar 2014 (Ecclesia) – O presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d’Oliveira Martins, recorda D. José Policarpo, que faleceu hoje, como uma das “grandes figuras” da Igreja e um dos maiores especialistas dobre o Concílio Vaticano II.

“Não conheço outra análise tão funda e rigorosa sobre a ‘Gaudium et Spes’. É a melhor análise, no conjunto da bibliografia do Concílio Vaticano II, sobre um tema absolutamente crucial”, afirma, em declarações à Renascença, referindo-se especificamente à tese “Sinais dos tempos”, publicada por D. José em 1971.

O também dirigente do Centro Nacional de Cultura descreve o cardeal como “um grande académico”, “homem de grande rigor” e “uma das grandes figuras da Igreja portuguesa no Século XX”.

“O seu primeiro legado é o da grande atenção e de um extraordinário bom senso relativamente a um período difícil da sociedade portuguesa”, sustenta Guilherme d’Oliveira Martins.

Já Marcelo Rebelo de Sousa recorda D. José Policarpo como uma das figuras marcantes da cultura portuguesa.

“Foi um grande pedagogo, nomeadamente como reitor do seminário dos Olivais, foi também uma grande figura da cultura, da inteligência e do pensamento nacional, reconhecido pelas instituições mais variadas do país”, declarou o comentador à Renascença.

O professor universitário afirma que D. José Policarpo “como bispo auxiliar e depois como patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal representou a presença da Igreja numa sociedade em mudança, num mundo em mudança”, deixando “um traço fundamental”.

O presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, Fernando Soares Loja, lembrou o patriarca emérito de Lisboa como um “homem corajoso” que não “pedia licença para dizer o que pensava”.

“Fica-me a imagem de um homem que era corajoso na afirmação das suas convicções. Era um homem que acreditava, tinha valores, defendia esses valores e não pedia licença para expressar a sua opinião”, disse à agência Lusa.

D. José Policarpo faleceu hoje, vítima de aneurisma na aorta, aos 78 anos, informou a Diocese de Lisboa.

As exéquias do cardeal, presididas pelo patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente, vão ser celebradas esta sexta-feira, às 16h00, na Sé Patriarcal, seguindo depois o corpo para o Panteão dos Patriarcas, em São Vicente de Fora.

O corpo vai chegar na quinta-feira à Sé de Lisboa, pelas 15h00, permanecendo em câmara ardente.

OC

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Agência ECCLESIA

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