Vaticano: Francisco tem valorizado papel das mulheres na Igreja

Ao longo do primeiro ano de pontificado, o Papa falou várias vezes na importância da dimensão feminina

Lisboa, 08 mar 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco tem repetido no seu primeiro ano de pontificado a intenção de valorizar o papel das mulheres na Igreja Católica e está a promover um “aprofundamento teológico” com a colaboração de várias especialistas.

Na sua primeira exortação apostólica, ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho, em português), o Papa Francisco afirmou que a Igreja Católica tem de “ampliar os espaços” para uma presença feminina “mais incisiva” alargando essa presença aos “vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais”.

O Papa voltou a abordar o tema durante a entrevista que concedeu ao jornal italino ‘Corriere della Sera’, publicada na quarta-feira, sublinhando que as mulheres “podem e devem estar mais presentes nos lugares de decisão”.

Francisco observou, no entanto, que isso não basta e que é necessário “pensar que a Igreja tem o artigo feminino”. 

“O aprofundamento teológico está em curso, o cardeal Rylko, com o Conselho Pontifício dos Leigos, trabalha nesta direção com muitas mulheres, peritas em várias matérias”, adiantou.

A ex-deputada Maria Rosário Carneiro acredita que o papel das mulheres na Igreja não vai mudar, mas elogia a atenção que o Papa lhes tem dado, ao falar em vários momentos do pontificado na importância da dimensão feminina.

“Apesar de tudo no discurso do Papa não há sinais de uma Igreja com mais mulheres, tornando a Igreja menos masculina. Francisco reitera toda a importância que a mulher tem na Igreja, mas diz também que a sua dignificação não passa pela sua clarificação”, mostrando assim que “não há abertura” para mudanças no papel da mulher na Igreja Católica”, refere Rosário Carneiro, em declarações à Agência ECCLESIA.

O papel das mulheres na Igreja e se elas devem ou não estar mais presentes no seio da organização é algo que a responsável da Comissão Nacional Justiça e Paz considera ser “um dos grandes desafios da Igreja contemporânea”.

“O Papa tem a prudência de dizer que está a ouvir e é bom ouvir, porque é ouvindo que se podem escrutinar os sinais do tempo, não ir atrás da espuma dos tempos que passa e nada fica, mas sim ter sinais das tendências, do sentir de uma comunidade que é a Igreja laical”, precisa.

Uma mudança no papel da mulher seria “uma mudança estrutural e de contextos sociais”, porque o mundo é muito diferente “do que era há 50 anos, nem que seja a nível geográfico, conclui Rosário Carneiro.

Durante uma conversa com os jornalistas no avião que fazia a viagem de regresso ao Vaticano depois da participação nas Jornadas Mundiais da Juventude, que decorreram em julho de 2013 no Rio de Janeiro, Francisco falou sobre o papel das mulheres na Igreja dizendo que “é necessário fazer uma profunda teologia da mulher”.

“Uma Igreja sem as mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria. O papel das mulheres na Igreja não é só a maternidade, a mãe de família, mas é mais forte”, afirmou na altura.

Em outubro de 2013 Francisco abordou o tema num seminário de estudo promovido pelo Conselho Pontifício para os Leigos, no 25.º aniversário da carta apostólica ‘Mulieris dignitatem’ (a dignidade da mulher), de João Paulo II.

“Eu sofro, de verdade, quando vejo na Igreja ou nalgumas organizações eclesiais que o papel de serviço, que todos temos e devemos ter, da mulher resvala para um papel de ‘servidão’”, referiu Francisco propondo nesta ocasião uma maior valorização do papel da mulher na Igreja.

SN/OC/MD

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