Igrejas Cristãs assinaram documento inédito

«Sejamos consequentes e avancemos», pediu D. Manuel Clemente aos responsáveis, após reconhecimento mútuo do Batismo

Lisboa, 25 jan 2014 (Ecclesia) – Os representantes das Igrejas Católica, Lusitana, Presbiteriana e Metodista assinaram hoje em Lisboa, pela primeira vez, uma declaração de reconhecimento mútuo do Batismo.

A assinatura aconteceu durante a celebração ecuménica nacional, na catedral Lusitana (Igreja Anglicana) de São Paulo, na presença de D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Segundo este responsável, as Igrejas cristãs estão unidas em torno da “vocação e do chamamento”, também através da “pertença a Cristo” e no “acolhimento da relação”, elencou durante a homilia que proferiu na celebração ecuménica.

“Com a unidade destas três vertentes não temos todas as razões para na prática encontrarmos a unidade?”, questionou o Patriarca de Lisboa.

“Sejamos consequentes e avancemos”, pediu aos presentes na celebração que juntou, ao final da tarde, dezenas de jovens das diferentes Igrejas cristãs e foi concelebrada por vários sacerdotes católicos. 

O representante da Igreja Ortodoxa (Patriarcado Ecuménico de Constantinopla) em Portugal não esteve presente na celebração por motivos de saúde, tendo sido assegurado a sua assinatura posterior.

D. Sifredo Teixeira, bispo da Igreja Metodista, em declarações à Agência ECCLESIA, não escondeu que a “grande esperança” é a “celebração conjunta da eucaristia”, mas sublinhou a importância da declaração como sinal de que “a fé cristã não fique só por palavras mas mostre gestos concretos”.

A declaração mostra a “unidade básica” a Cristo, explicou o bispo Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana, que expressou ainda a convicção de que “a celebração conjunta da eucaristia” acontecerá no tempo que testemunhamos, “providenciada pela vontade de Deus”.

“Não devemos caminhar com objetivos concretos, mas devemos procurar que o espirito nos guie”, indicou à Agência ECCLESIA.

O documento hoje assinado oficializa a “concordância” das várias Igrejas “sobre os pontos fundamentais de doutrina e prática batismal”.

As comunidades cristãs que o assinam dizem “esperar que este reconhecimento constitua um passo em frente no caminho da unidade visível do único Corpo de Cristo” e “contribua para uma maior comunhão entre todos os batizados”.

Os oito pontos da declaração destacam a validade do Batismo “instituído” por Jesus Cristo como “vínculo básico da unidade” entre cristãos, para formar uma “comunidade do Espírito Santo que, em testemunho, serviço e comunhão, proclama o seu reino”.

A partir de hoje, as comunidades em causa passam a excluir a possibilidade do “rebatismo” nos casos de passagem de membros de uma Igreja para outra e a aceitar como válidos os certificados de Batismo emitidos pelas respetivas Igrejas.

O reconhecimento estipula que o Batismo tem de ser administrado “com água e em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, para a remissão dos pecados, de acordo com a intenção e o mandamento de Cristo”.

A assinatura, no dia conclusivo da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, aconteceu num contexto de oração, reunindo jovens e hierarcas das diversas Igrejas.

O ‘Diretório para a aplicação dos princípios e das normas sobre o ecumenismo’ (Santa Sé) pede explicitamente um reconhecimento recíproco e oficial do Batismo, destacando as implicações teológicas, pastorais e ecuménicas desse ato.

OC/LS

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Agência ECCLESIA

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