Orçamento de Estado é um martírio

Lisboa, 01 nov 2013 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, considerou, hoje, à Agência ECCLESIA, que o orçamento de Estado (OE) para 2014 vai colocar “mais dificuldades” e “sacrifícios” às famílias portuguesas.

Ao qualificar as medidas preconizadas pelo OE, Eugénio Fonseca realça que muitas famílias já “não falam em sacrifício” porque “estão a viver um martírio”.

Os principais atingidos com o rigor do OE são os funcionários públicos e os pensionistas, mas não são apenas esses porque – “através da incidência dos impostos” – todos os trabalhadores são afetados.

“Insiste-se na tributação sobre os rendimentos do trabalho”, lamenta Eugénio Fonseca e acrescenta: “Ela está agravada neste orçamento”.

A classe “mais penalizada” tem sido a função pública e os pensionistas porque é a “forma mais célere e segura que o governo tem de ir buscar as verbas para poder fazer face ao deficit”, afirmou.

Segundo alguns peritos de ciências económicas, o investimento na austeridade “compromete o futuro”, avançou Eugénio Fonseca e lamenta a perda “de milhares postos de trabalho”.

O presidente da Cáritas Portuguesa defende uma maior fiscalização “na fuga ao fisco” e “a eliminação das offshores” e condena o “loby das parcerias público-privadas, um «deus sagrado» que ninguém lhe toca”.

A chamada economia paralela “é um problema gravíssimo” para a sustentabilidade do país, e recorda um encontro com os membros da troika (FMI, Banco Central Europeu e UE) onde lhe disseram: “Se Portugal conseguisse combater este flagelo, não era necessário a troika ter entrado aqui”.

Se os devedores ao Estado devem pagar “as respetivas dívidas”, Eugénio Fonseca refere também que o “Estado é o principal devedor de muitas e muitas empresas” e tem “arrastado algumas para a falência”.

A dívida que atormenta o país deve ser paga e Portugal “deve honrar os seus compromissos”, mas Eugénio Fonseca teme que o “antibiótico aplicado seja tão forte, que em vez de matar o «vírus» se esteja a ferir de morte os doentes”.

LFS

 

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