Portugal: Instituições católicas aderem a rede de apoio a pessoas vítimas de tráfico

Júlia Bacelar, das Irmãs Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento, diz que até agora no país só foi possível ver «a ponta do icebergue»

Lisboa, 18 jul 2013 (Ecclesia) – Mais de duas dezenas de organizações públicas e privadas uniram esforços com o Governo português no sentido de criar uma rede de apoio a pessoas vítimas de tráfico humano, nas suas mais variadas formas.

A Obra Social das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, o Serviço Jesuíta aos Refugiados e a Congregação das Irmãs Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento são as três instituições ligadas à Igreja Católica que integram o projeto, coordenado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, Júlia Bacelar, membro do Instituto das Irmãs Adoradoras, mostra-se convicta de que a rede vai permitir uniformizar práticas e agilizar processos no tratamento de uma “realidade alarmante” que atinge homens e mulheres, crianças e adultos.

“Este protocolo tem pernas para andar e faz todo o sentido”, até porque estas instituições andavam cada uma na sua capela e sem recursos, o que é muito complicado e esgotante”, realça a religiosa.

De acordo com a organização não-governamental Oikos, que também assinou o protocolo, o tráfico de seres humanos é a segunda maior fonte ilegal de lucro no mundo, só suplantada pelo tráfico de droga.

Este problema atinge atualmente cerca de três milhões de pessoas e engloba áreas como o trabalho escravo, a exploração sexual e a venda de órgãos e tecidos.

Um dos grandes objetivos da Rede de Apoio e Proteção às Vítimas de Tráfico é ajudar a prevenir estes casos, que em Portugal ainda estão muitos escondidos da opinião pública.

“O maior problema que é a identificação das vítimas, não faltam planos nem estratégias, mas nunca se sabem números concretos, onde estão, vê-se só a ponta do icebergue”, realça a irmã Júlia Bacelar.

A colaboração com entidades como o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Polícia Judiciária, a Autoridade para as Condições do Trabalho, a Segurança Social e a Direção Geral de Saúde vão dar à rede uma dimensão “multidisciplinar e especializada”, que favorecerá a aplicação de medidas de prevenção e de reintegração das vítimas.

JCP

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