João XXIII alerta os jovens portugueses para “os graves perigos” da humanidade

O Papa que convocou e presidiu à primeira sessão do II Concílio do Vaticano (Outubro a Dezembro de 1962) escreveu uma mensagem aos jovens portugueses onde os alerta para os «graves perigos« dos homens, a ponto de esquecerem «a sua origem e o seu fim».

O Papa que convocou e presidiu à primeira sessão do II Concílio do Vaticano (Outubro a Dezembro de 1962) escreveu uma mensagem aos jovens portugueses onde os alerta para os “graves perigos” dos homens, a ponto de esquecerem “a sua origem e o seu fim”.

A mensagem lida no dia 21 de Abril de 1963, no antigo Estádio José Alvalade (Lisboa), no grande encontro da juventude que reuniu mais de 50 mil jovens católicos, referia também que existia um sentimento de alegria “pelo interesse” dos jovens “aprofundar o estudo da doutrina social da Igreja” e pela solicitude em fazê-la “penetrar, como fermento vivificante, nas estruturas da sociedade”.

Na celebração do encontro de jovens, presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, o prelado afirma que “juventude que escolhe Deus é promessa de ideal heróico na fidelidade à verdade, ao bem, à justiça, ao amor” (Revista «Estudos», órgão do C.A.D.C, Maio 1963, Nº 417).

O cardeal Cerejeira revelou também aos milhares de jovens que a Igreja e Portugal reviam-se na juventude “com orgulho” porque ambos [Portugal e a Igreja] a formaram, “um na sua ascendência histórica, outra na sua alma”. E acrescenta: “Ao contemplar esta juventude nova, os dois repetem: como é bela”.

Quando o episcopado português convocou os jovens para o encontro, convidando-os “à aventura heróica” da construção dum Portugal “mais rico, mais humano, mais cristão”, a juventude respondeu afirmativamente o que levou D. Manuel Gonçalves Cerejeira a declarar: “E vós, ó nova Ala dos Namorados, puseste-vos em marcha, enchendo todos os caminhos de Portugal, para vir responder… os novos escolhem Deus”.

No encontro magno da juventude portuguesa, o cardeal patriarca pediu também aos jovens para bendizerem a ciência que “repensa o pensamento de Deus, tudo o que foi criado é imagem do Verbo”. Se o mundo “fosse absurdo, obra do acaso cego e arbitrário, sem inteligência criadora e ordenadora, como poderia a própria ciência existir?”, questionou e acrescentou de seguida: “a ciência, ainda quando não afirma Deus, supõe-no”.

Ao fazer referência ao pensamento moderno que se foi “afastando progressivamente de Deus”, desde “Kant a Karl Marx, acabando no niilismo intelectual e moral do materialismo”, o bispo de Lisboa realça: “o ateísmo nega Deus, mas igualmente a pessoa humana”.

Em relação ao mundo do trabalho, o prelado português disse aos jovens que “não vos bastará ser cristãos fervorosos; será preciso que sejais também cientificamente competentes, tecnicamente capazes e profissionalmente peritos”.

A “maior parte” da juventude de “todos os países do mundo” procura “em Deus luz de orientação, segurança de doutrina, paz de consciência, justiça e caridade difundidas em qualquer ordem e sector da convivência humana”, escreveu o Papa que convocou o II Concílio do Vaticano aos jovens portugueses. Por sua vez, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, um dos padres conciliares, disse à juventude, presente no antigo Estádio de Alvalade, que esta, ao escolher Deus, “salva ao mesmo tempo, a razão, a esperança e a liberdade”.

LFS

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