Cidade do Vaticano, 21 fev 2013 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício da Cultura, o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, citou esta quarta-feira no Vaticano o “Apocalipse”, último livro da Bíblia, para dizer que a sociedade, incluindo os cristãos, está mergulhada na “mediocridade”.
No retiro que está a orientar para o Papa Bento XVI e para a Cúria Romana, o responsável salientou que a descrição bíblica “parece o retrato de muitas comunidades cristãs contemporâneas, mas também da própria sociedade”, onde se evidencia “a tibieza, a superficialidade, a mediocridade, a banalidade”, refere a edição de hoje do jornal da Santa Sé, ‘L’Osservatore Romano’.
O cardeal sublinhou também que o ser humano é uma “criatura frágil”, como se verifica pela experiência do sofrimento, que “provocou todas as teologias e se tornou a substância de orações infinitas em todas as religiões”.
Referindo-se à Bíblia, Gianfranco Ravasi observou que quase um terço dos salmos é “constituído por súplicas pessoais ou de lamentações comunitárias”, dado que o autor dá voz à “angústia”.
O tema do isolamento foi também sublinhado pelo prelado: “Pensemos num domingo numa grande metrópole, pensai em quantas casas há pessoas sozinhas: ali, junto a um telefone e esperam que o telefonem toque, porque se o telefone toca é sinal de que tem alguém que se recorda ainda deles; esperam que a campainha de casa toque porque isso significaria que pelo menos chegaria uma pessoa para o encontrar. Ao contrário, ficará mudo todo o dia, nestes grandes condomínios em que não se sabe sequer quem vive no mesmo piso do prédio”.
“Deus, em Cristo, não nos protege dos sofrimentos, mas apoia-nos e liberta-nos do sofrimento ficando connosco”, realçou o biblista, citado pela agência de notícias do Vaticano.
Os exercícios espirituais de Quaresma de Bento XVI e da Cúria Romana começou no domingo e termina este sábado.
RJM