Igreja e envelhecimento nas prisões

Pessoas detidas devem continuar a fazer parte das «preocupações» da sociedade, considera coordenador da Pastoral Penitenciária

Lisboa, 06 dez 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica promove esta sexta-feira, em Lisboa, um encontro para debater o envelhecimento ativo e o diálogo intergeracional em contexto prisional.

O padre João Gonçalves, responsável pela Pastoral Penitenciária, entidade envolvida na organização, frisou na terça-feira que a Igreja quer “contrariar o dito do povo de que ‘morrer é deixar de ser visto’”, para que as pessoas detidas, “mesmo que deixem de ser vistas, continuem presentes, vivas” e a fazer parte das “preocupações” da sociedade.

“Trata-se de uma população excluída” que, por ter “um contexto muito próprio”, carece de uma abordagem específica quanto ao envelhecimento, acrescentou na conferência de imprensa Maria do Rosário Carneiro, coordenadora do grupo de trabalho para o envelhecimento ativo criado pela Cáritas Portuguesa, promotora da iniciativa.

O colóquio, que conta com as participações do deputado Fernando Negrão e da coordenadora nacional do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, Maria Joaquina Madeira, pretende contribuir para melhorar a ação da Igreja nos estabelecimentos prisionais, acrescentou a responsável.

No segundo trimestre de 2012 havia 472 reclusos com idade igual ou superior a 60 anos, correspondendo a 3,5% do total das 13 490 pessoas nas prisões portuguesas, segundo dados da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

Além de questionar se as prisões proporcionam soluções ao “nível psicológico, afetivo e social”, bem como se têm capacidade para responder às “deficiências mentais” e “limitações fisiológicas” a que por vezes os seniores estão sujeitos, a Igreja “tem de pensar no que pode ser feito do lado de fora” das cadeias para que no seu interior se desenvolva a aproximação entre as gerações, sublinhou o padre João Gonçalves.

O sacerdote explicou que “há muitos homicídios cometidos por pessoas idosas”, além de “abusos sexuais sobre menores” e “violência doméstica”, pelo que a gravidade de alguns crimes e o tempo de pena a cumprir pode tornar “mais difícil a reinserção na comunidade” dos idosos.

No encontro, que decorre das 10h00 às 18h00 no Centro de Reuniões da Feira Internacional de Lisboa (auditório 2), com entrada livre e gratuita, estão previstas intervenções de responsáveis da Cáritas e da Pastoral Penitenciária de Portugal, como Maria do Rosário Carneiro e padre João Gonçalves, e ainda de Espanha, França e Luxemburgo.

O Parlamento Europeu e a Comissão Europeia declararam 2012 como o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações, para “promover uma cultura de envelhecimento ativo na Europa, convocando valores europeus como a solidariedade, a não discriminação, a independência, a participação, a dignidade, o cuidado e a autorrealização das pessoas idosas”.

RJM

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