Europa: Nobel da Paz abre espaço a uma comunidade «mais coesa e solidária»

Investigador Eduardo Lopes Rodrigues sublinha importância do galardão para acabar com «egoísmos nacionais»

Lisboa, 12 out 2012 (Ecclesia) – O responsável pelo programa de Estudos Europeus na Universidade Católica Portuguesa, professor Eduardo Lopes Rodrigues, diz que a atribuição do prémio nobel da paz à União Europeia (UE) abre espaço a uma “Europa mais coesa e solidária”.

Em declarações prestadas hoje à Agência ECCLESIA, o investigador sublinha que o galardão “pode levar as pessoas a voltarem a acreditar no projeto europeu e a acabarem com os egoísmos nacionais” que se tornaram mais evidentes com a recessão económica que atingiu o continente.

O mestre em Estudos Europeus recorda que a UE “nasceu fundamentalmente de uma ideia altruísta, mas para que essa pedagogia seja percecionada pelas pessoas é necessário que as lideranças geopolíticas tenham um discurso nesse sentido”.

“Hoje estamos a ser espartilhados por um conjunto de políticas que parecem colocar em causa a liberdade das pessoas, quando paralelamente não são acompanhadas de políticas de crescimento económico”, exemplifica o docente.

Eduardo Lopes Rodrigues sublinha que a UE é “o rosto visível de um projeto que começou há 60 anos em nome da paz”, com “metodologias totalmente inéditas e inovadoras”.

Mais do que a harmonia, depois de dois mil anos de permanente instabilidade e conflito, a semente lançada pelo ministro francês Robert Schuman e pelo chanceler alemão Konrad Adenauer, entre outros, garantiu o desenvolvimento social e económico da região.

“Nunca no mundo houve um projeto político que defendesse com tanto vigor a dignidade da pessoa, a justiça, o desenvolvimento”, sustenta o professor da Universidade Católica, que deixa um alerta para o futuro.

“Se porventura a Europa se fragmentar, isso lançará as sementes da guerra, a paz exige trabalho e exige que em cada momento se faça o melhor em benefício de cada cidadão”.

O júri da Academia Real Sueca atribuiu o prémio nobel da paz à União Europeia por unanimidade, salientando que “aquele organismo e os seus precursores têm contribuído, há mais de seis décadas,  para o avanço da paz e da reconciliação, da democracia e dos direitos humanos  na Europa”. 

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considerou hoje em Bruxelas a receção do galardão como sendo “uma grande honra” para 500 milhões de cidadãos, 27 Estados-membros e todas as instituições comunitárias.

 

JCP

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top