Médio Oriente: Responsável do Vaticano admite dimensão religiosa nos conflitos da região

Cardeal Tauran espera que viagem do Papa ao Líbano destaque potencial positivo do pluralismo de crenças e culturas

Cidade do Vaticano, 14 set 2012 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, organismo do Vaticano, admitiu que existe uma “dimensão religiosa” nos conflitos que afetam o Médio Oriente, região que Bento XVI visita a partir de hoje pela segunda vez.

“A viagem do Papa [ao Líbano] é uma viagem apostólica e, portanto, não vai levar soluções aos problemas políticos. Os problemas no Médio Oriente não são causados pela religião, mas têm sempre uma dimensão religiosa”, referiu o cardeal Jean-Louis Tauran em entrevista à Rádio Vaticano.

Bento XVI chega hoje a Beirute, capital libanesa, e vai permanecer no país até domingo.

Para o responsável da Santa Sé pelo diálogo entre religiões, a estadia do Papa no Médio Oriente vai servir para lembrar “os grandes princípios do direito internacional, os direitos do homem, como a liberdade e também a liberdade de religião, que penso que será evocada na Exortação apostólica” pós-sinodal [documento conclusivo da assembleia especial do Sínodo realizada entre 10 e 24 de outubro de 2010, no Vaticano].

A 24ª viagem internacional do atual pontificado quer ainda lembrar, segundo o cardeal Tauran, que “a diversidade, a pluralidade não são sinónimos de perigo, pelo contrário”.

“A Exortação apostólica quer passar a mensagem que viver juntos não é uma utopia, mas é uma vocação”, prosseguiu, num apelo “à comunhão entre cristãos e ao diálogo com os não-cristãos”.

O membro da Cúria Romana, que foi diplomara em Beirute, destaca que no Líbano “muçulmanos, cristãos, drusos, todos vão à escola juntos, têm os mesmos livros, os mesmos professores.

O Líbano tem representantes cristãos no governo e permite que os cidadãos possam professar e mudar livremente de religião, o que faz do país um caso especial no Médio Oriente.

O primeiro-ministro libanês, Najib Miqati, considera que esta é uma “visita histórica” e destaca, em entrevista à agência Aki-Adnkronos, que o Papa “renova a confiança no país, que foi e continuará a ser um ponto de encontro e de integração entre as civilizações e as culturas e um modelo de convivência entre muçulmanos e cristãos”.

No Líbano residem vários líderes de Igrejas de ritos que remontam aos primeiros séculos de cristianismo: maronitas, greco-católicos, arménios e sírios, a que se somam caldeus e latinos, num total de cinco dioceses e um vicariato apostólico.

RV/OC

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