Saúde: «Aumento das taxas moderadoras» prejudica cuidados médicos, considera Igreja Católica

Conclusões do Encontro Nacional denunciam a «quase impossibilidade de acesso de alguns aos cuidados de saúde»

Lisboa, 08 mai 2012 (Ecclesia) – O “aumento das taxas moderadoras” e a “quase impossibilidade de acesso de alguns aos cuidados de saúde” estão na lista de “dificuldades que se repercutem na assistência à saúde dos cidadãos” em Portugal, considera a Igreja Católica.

As conclusões do 24.º Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, organizado em Fátima de 2 a 5 deste mês, com a presença de 600 participantes, alertam também para o “perigo da desumanização dos cuidados e da sobrecarga dos profissionais”, refere o documento enviado hoje à Agência ECCLESIA.

O plano de ação da Igreja para esta área prevê a promoção de “ações de Educação para a Saúde”, o trabalho de campo para “conhecer os idosos e doentes que vivem na área da paróquia, a fim de contrariar o seu isolamento” e o acompanhamento dos doentes ao médico, “facilitando o transporte” e assegurando “a continuidade da assistência”.

O projeto, que a Comissão Nacional da Pastoral da Saúde classifica de “ambicioso”, realça a necessidade de “garantir a assistência espiritual a todos os doentes durante a sua permanência nos hospitais, uma vez que é, para estes, um direito inalienável, no respeito pela liberdade religiosa de cada um”.

O organismo dirigido por monsenhor Vítor Feytor Pinto quer também que todas as paróquias organizem “a assistência espiritual aos doentes e idosos nos seus domicílios”, e consigam “o número de voluntários suficiente e com formação específica” para todas as tarefas de ordem religiosa e social.

“Urge motivar e apoiar as comunidades cristãs para o acompanhamento dos doentes e idosos mais carenciados, no recurso aos cuidados de saúde, e prestar-lhes, pela relação de ajuda, o acompanhamento”, sintetiza o documento.

O sacerdote já tinha adiantado este sábado, último dia do encontro, algumas das prioridades consignadas no texto conclusivo, como a necessidade de os católicos apoiarem “as pessoas com menos recursos para saberem como podem pedir a isenção das taxas moderadoras”, já que “muitos não o sabem fazer”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o responsável frisou que a Igreja deve estabelecer parcerias com as autoridades de saúde a nível nacional e local, tendo avançado como hipóteses de colaboração a “dádiva gratuita de sangue a curto, médio e longo prazo”, a prevenção das gripes através da vacina e a antecipação dos efeitos das ondas de frio e calor.

“Temos de levar os sacerdotes a avisarem todas as pessoas idosas que devem beber muita água e que devem ter cuidado com a exposição ao sol, medidas que se aplicam ainda mais às crianças”, exemplificou.

“Se houver coisas a denunciar” [no Ministério da Saúde ou em instituições que dele dependem], denunciem-se; mas se há colaborações que se podem concretizar, então têm de se conseguir”, vincou o padre Feytor Pinto.

O apoio espiritual e religioso baseado na “oração, aprofundamento da fé e celebração dos sacramentos da Unção dos Doentes, Eucaristia e Reconciliação” deve ser acompanhado pelo estabelecimento de relações de proximidade entre as comunidades católicas e os centros de saúde e hospitais, disse ainda o sacerdote.

RJM

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