Estudo da Universidade Católica foi hoje divulgado em Fátima, revelando aumento dos que não professam qualquer credo
Fátima, Santarém, 18 abr 2012 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apresentou hoje em Fátima o estudo “Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas”, apontando para uma diminuição percentual dos católicos que, no entanto, continuam a ser 93% dos que se dizem crentes.
Segundo o inquérito elaborado pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), entre 1999 e 2011, a percentagem de católicos na população portuguesa baixou de 86,9% para 79,5%, enquanto se verificou um aumento dos que se dizem não crentes ou sem religião – de 8,2% para 14,2%.
A sondagem, que reuniu cerca de 4000 respostas, foi realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião e o Centro de Estudos de Religiões e Culturas da UCP entre outubro e novembro de 2011, em Portugal continental; o erro máximo da amostra com um grau de confiança de 95% é de 1,6%.
De acordo com os dados enviados à Agência ECCLESIA, aos cerca de 80% dos inquiridos que se declararam católicos seguem-se não crentes (9,6%), os crentes sem religião (4,6%), protestantes (incluindo evangélicos) (2,3%) e outros cristãos (1,4%), Testemunhas de Jeová (1,3) e crentes de outras religiões (0,7%).
Este estudo surge no seguimento da iniciativa ‘Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal’, proposta pela CEP, e dá continuidade à investigação pedida pelos bispos portugueses em 1999, na preparação para o Ano Jubilar (2000), que antecedeu o último recenseamento nacional da prática dominical (2001).
Nesses 12 anos, refere o documento, “pode observar-se um decréscimo relativo da população que se declara católica [que passou de 86,9% para 79,5%) e um incremento da percentagem relativa às outras posições de pertença religiosa [de 2,7% para 5,7%], com um particular destaque para o universo protestante”.
A percentagem dos que afirmam não ter religião, por outro lado, subiu de 8,2% para 14,2%, com acréscimos em todas as categorias: os ateus passam de 2,7% para 4,1%; os agnósticos de 1,7% para 2,2%; os indiferentes de 1,7% para 2,2%; os crentes sem religião de 2,1% para 4,6%.
Os autores do estudo relacionam o crescimento do número de crentes sem religião com a diminuição percentual dos católicos.
“Esta categoria poderá reunir as identidades crentes de carácter mais difuso, mas também uma periferia, antes católica, cujos laços de pertença eram já muito ténues”, assinalam.
As principais razões apontadas para não ter religião são a discordância “com a doutrina” (em 32,7% dos casos), “com as regras morais das Igrejas e religiões” (22,2%) e a vontade de ser “ independente face às normas e práticas de uma religião” (21,1%).
A não-pertença religiosa exprime-se também como convicção pessoal em 33,2% dos casos e como resultado de desinteresse (21,7%).
A sondagem abrangeu cidadãos portugueses com 15 anos ou mais, distribuídos por regiões “rurais, semiurbanas e urbanas”, divididos por cinco regiões: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
Os resultados foram apresentados na assembleia plenária da CEP, que decorre até quinta-feira, em Fátima.
OC