Viagem decorre à «sombra» da estátua a Cristo Rei, símbolo da luta pública dos católicos
Lisboa, 24 mar 2012 (Ecclesia) – Bento XVI iniciou esta sexta-feira uma visita de 65 horas ao México, a sua primeira a este país, durante a qual se vai rezar pelos “mártires de Cristo” no continente americano.
A oração vai ser feita no momento central desta viagem, a missa deste domingo, no Parque Bicentenário, espaço comemorativo dos 200 anos da independência do México que se localiza entre as cidades de Guanajuato, Silao e León, onde se esperam centenas de milhares de pessoas.
A zona central do país é definida “região de mártires” pelo padre Tiago Barbosa, missionário português há nove anos no México, e está intimamente ligada à ‘Guerra Cristera’ (1926-1929), levantamento popular contra as disposições anticlericais da Constituição Mexicana de 1917 e do presidente Plutarco Elías Calles.
Bento XVI vai sobrevoar de helicóptero a imagem de Cristo Rei, em Silao, referência para milhares de católicos que se constituíram num exército popular para defender a liberdade religiosa, combatendo ao grito de ‘Viva Cristo Rei’.
Nesta celebração, Bento XVI vai oferecer um mosaico, que vai ser colocado no interior do santuário de Cristo Rei.
O monumento situa-se na colina de Cubilete, centro geográfico do México, a 2579 metros de altitude, e a atual estátua, desenhada em 1942, é a quinta a ter sido colocada no local, após as limitações impostas pelo poder político.
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, destaca que esta é uma região que nunca foi visitada por nenhum Papa, apesar de João Paulo II ter estado em solo mexicano por cinco ocasiões.
“Bento XVI disse: tenho de realizar este desejo de João Paulo II e ir eu, como seu sucessor, este santuário que é o coração da fé heroica do povo mexicano”, relata.
Embora não marque presença fisicamente junto ao monumento, o atual Papa vai inaugurar a nova iluminação do Cristo Rei na colina de Cubilete, após o encontro com os bispos da América Latina, na Catedral de León, este domingo.
A estátua, com 20 metros de altura e 250 toneladas de peso, tem nas suas costas dois anjos, que oferecem as coroas da glória e do martírio.
A primeira viagem de Bento XVI ao México é apresentada pela Santa Sé como um “momento muito especial” para a América Latina, por causa da “contínua presença dos Papas nesse continente”, desde a visita de Paulo VI à Colômbia, em 1968.
“Para a Igreja que procura o Senhor em terras mexicanas, esta visita tem um forte significado de alegria e esperança”, assinala a apresentação publicada no missal da viagem, publicado pelo Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.
O documento sustenta que “no meio das dificuldades atravessadas pela nação” mexicana, as palavras de Bento XVI “serão um bálsamo que cura as feridas causadas pelo pecado do homem e fortalece o testemunho cristão”.
Durante a estadia no México, que se conclui na segunda-feira, Papa vai receber as chaves das cidades de Guanajuato, Silao e León.
OC