Itália: «Pátio dos Gentios» vai à Sicília e aborda influência da Mafia

Iniciativa do Vaticano quer promover diálogo para «cultura da legalidade»

Lisboa, 12 mar 2012 (Ecclesia) – A cidade italiana de Palermo vai receber a 29 e 30 de março a próxima sessão do ‘Pátio dos Gentios’, tendo como pano de fundo a influência da Mafia e a pluralidade de culturas.

A iniciativa do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), destinada ao diálogo com os não crentes, vai ser dedicada ao tema ‘Cultura da legalidade e sociedade multirreligiosa’, refere o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC).

“O diálogo entre as religiões e o diálogo inter-religioso e intercultural constituem um recurso crucial” para ampliar “a cultura da legalidade e para contribuir para reforçar o tecido democrático e espiritual” da ilha, refere o texto de lançamento do encontro.

Segundo a Santa Sé, este é um compromisso “urgente e nobre”, tendo em conta que “a Mafia, também graças à crise económica mundial, se tornou a primeira empresa italiana em faturação”, tendo-se transformado num “inquietante” ator global com “fortes ramificações na Europa, América e Ásia”.

O documento recorda que Palermo, principal cidade da Sicília, é a “a capital da Mafia” mas é também “a cidade-símbolo da luta contra a Mafia”, já que nela foi assinada, em dezembro de 2000, a Convenção das Nações Unidas contra a criminalidade organizada internacional.

Em Palermo e na Sicília, o ‘Pátio dos Gentios’, que em novembro chega a Guimarães, coloca no centro dois valores fundamentais: a Justiça, na união entre moralidade e legalidade, e a tradição multirreligiosa e multicultural que distinguiu a ilha mediterrânica.

Para o presidente do CPC, “o encontro entre crentes e não crentes ocorre quando se deixam para trás apologéticas ferozes e dessacralizações devastadoras”.

O cardeal italiano Gianfranco Ravasi pede aos participantes para serem coerentes “com a sua visão do ser e da existência, sem deformações sincretistas ou aproximações propagandísticas”.

Bento XVI visitou a Sicília em outubro de 2010, tendo deixado por palavras e gestos simbólicos contra a Mafia, que qualificou como “um caminho de morte, incompatível com o Evangelho”.

Antes do regresso a Roma, no caminho para o aeroporto, Bento XVI quis que o cortejo parasse em Capaci, no local onde aconteceu o atentado contra o juiz Giovanni Falcone, depositando ali uma coroa de flores e rezando em silêncio, em memória de todas as vítimas de organizações mafiosas e da criminalidade organizada.

SNPC/OC

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