Igreja pede revisão nos apoios a universitários

Crise está a ter cada vez mais «impacto» sobre os estudantes, avisa assistente do Serviço Nacional do Ensino Superior

Lisboa, 06 fev 2012 (Ecclesia) – O Serviço Nacional de Pastoral do Ensino Superior (SNPES) revelou hoje à Agência ECCLESIA que vai apresentar ao Governo um conjunto de propostas para simplificar o processo de concessão de apoios sociais aos estudantes mais carenciados.

“Temos muitos pais a perderem o emprego, outros que estão prestes a ficar sem subsídios e que têm dificuldade em encontrar trabalho, o que, a juntar ao aumento dos impostos, tem criado no meio das famílias situações cada vez mais difíceis de equilibrar, com impacto real sobre muitos estudantes”, sublinhou o assistente nacional daquele organismo.

O padre Nuno Santos adianta que a “primeira grande questão” que será apresentada ao secretário de Estado do Ensino Superior, “provavelmente em finais de março”, se prende com a necessidade de “rever os critérios de atribuição de bolsas de estudo”.

Apesar de alguns pontos do processo terem sido “positivamente revistos” em setembro, como a fórmula de “cálculo” das bolsas, o sacerdote recorda que existem outros aspetos que podem ser melhorados.

Outra questão relaciona-se com “as dívidas à Segurança Social”, em que “basta um dos elementos do agregado familiar estar em incumprimento para o estudante ficar impedido de se candidatar”.

“Percebemos a lógica, mas é injusto, na medida em que não é pela irresponsabilidade de uma pessoa que se pode privar um aluno de ter acesso a apoios”, defende o assistente do SNPES, que lamenta ainda a “burocracia associada” à atribuição das bolsas.

De acordo com aquele responsável, ainda no último ano letivo “os caloiros que se candidatavam tinham de indicar a morada para onde iriam estudar”, sob pena de ficarem “excluídos do processo”.

“Muitos deles nem sequer sabiam se iam ficar em Coimbra, Lisboa, Porto ou noutro lugar qualquer”, acrescentou o sacerdote, ressalvando que o Governo se apercebeu desta questão, mas de forma “já tardia”.

Este responsável alude ainda ao problema da “publicidade enganosa” que tem atraído a Portugal, a um ritmo “galopante”, muitos estudantes de países de língua oficial portuguesa, em busca de bolsas que “acabam por não ser atribuídas”, deixando os jovens sem quaisquer recursos.

“Eles vêm com a promessa que têm bolsa e afinal não têm, o próprio Governo deles não lhas dá e depois acabam por ficar aqui, sem dinheiro para regressar nem para pagar as propinas, acabando por vir bater à porta das instituições religiosas em busca de apoio”, confidencia o padre Nuno Santos.

Estas questões fazem parte de um diagnóstico acerca da realidade do Ensino Superior em Portugal, que foi apresentado este sábado pelos responsáveis do SNPES, durante um encontro geral em Fátima.

Nas sugestões que vão ser postas à consideração do secretário de Estado João Filipe Queiró, encontra-se ainda uma chamada de atenção para a importância de reforçar os serviços académicos que são postos à disposição dos alunos.

“Claro que estamos a falar de situações que são da autonomia de cada universidade, mas em muitos sítios não há cantinas a funcionar ao fim de semana, os serviços de biblioteca fecham muito cedo, e penso que deveria haver uma indicação da parte do secretário de Estado”, conclui o assistente do SNPES.

JCP

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