Portugal: Rede Europeia Anti-Pobreza alerta para «nova geração» de carenciados

Padre Jardim Moreira, responsável pelo organismo a nível nacional, apela a uma ação concertada entre governo e instituições sociais

Porto, 11 jan 2012 (Ecclesia) – A Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN, sigla em inglês) defendeu hoje a adoção de medidas estruturais que permitam travar o “crescimento do risco de pobreza” em Portugal, sobretudo entre as camadas mais jovens.

Em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, o presidente da EAPN – Portugal, diz que apesar de ser “fundamental apoiar quem necessita de ajuda urgente”, não se deve colocar de lado “uma visão estrutural sobre o fenómeno da pobreza, sobre as suas causas” mas sim “agir coerente e corretamente sobre elas”.

Baseando-se nos Indicadores Sociais 2010, estudo recentemente publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o padre Jardim Moreira aponta para o número elevado de crianças e jovens que passam atualmente por dificuldades económicas, considerando que Portugal está na eminência de ter uma “geração de pobres”.

“O desejável seria que se verificasse uma quebra no ciclo geracional de pobreza, o que não está a acontecer nem se prevê que aconteça a médio prazo”, aponta.

O documento trabalho pelo INE analisa a realidade da sociedade portuguesa à luz de indicadores como o emprego, a educação e o número de pessoas que beneficia do Rendimento Social de Inserção.

De acordo com a EAPN, os dados recolhidos permitem verificar que o risco de pobreza e exclusão social aumentou também entre os idosos “para além de atingirem novos grupos” da sociedade, sobretudo na chamada classe média.

Para esta conjuntura, salienta o sacerdote, muito tem contribuído a “precariedade” com que se debate “uma importante fatia” da população, atingida pelo “crescimento do desemprego e pela redução de um importante conjunto de benefícios de proteção social ou pelo aumento dos seus custos”.

Criticando o “recuo” do Estado, no que diz respeito ao seu papel de assistência social, o padre Jardim Moreira pede sobretudo maior equidade no tratamento dos cidadãos, a adoção de uma política que “não privilegie uns cidadãos (novos pobres) em detrimento de outros (velhos pobres)”.

Este responsável propõe ainda uma ação concertada entre as instâncias do Governo e as instituições sociais, que “se encontram muito próximas dos seus limites humanos e financeiros”.

A ‘European Anti Poverty Network’, criada em Bruxelas há mais de 20 anos, é uma entidade sem fins lucrativos, reconhecida em Portugal como Associação de Solidariedade Social, de âmbito nacional, tendo sido constituída a 17 de dezembro de 1991.

Em 2010, a EAPN foi distinguida pelo Parlamento português com o “Prémio Direitos Humanos”.

JCP

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Agência ECCLESIA

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