Fome e crise de valores são ameaça global

Adriano Moreira destaca magistério da Igreja Católica em favor da paz

Lisboa, 20 dez 2011 (Ecclesia) – Adriano Moreira, presidente do Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa, alertou para as consequências da “verdadeira anarquia em que se vive” no mundo de hoje e para a pobreza que chegou à Europa.

“A pobreza e as armas de destruição maciça são ameaças equivalentes para a catástrofe que é sempre a guerra”, escreve, em texto hoje publicado pelo semanário Agência ECCLESIA, sobre a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2012, que se assinala a 1 de janeiro.

Para o antigo ministro e deputado português, “o certo é que os desvios das promessas se agravam, que a miséria alastra e aprofunda-se em muitas regiões do mundo, que a guerra lhes serve frequentemente de moldura”.

A própria Europa, acrescenta o académico, “está hoje atingida pela distinção entre povos ricos e povos pobres, vê o Mediterrâneo em turbilhão preocupante, verifica que a fronteira da pobreza ultrapassou esse Mar euroafricano para abranger muitos países a norte”.

Adriano Moreira aponta o dedo a uma “crise de valores que atingiu todo o Ocidente, o qual evoluiu para um credo de mercado que colocou o preço das coisas no lugar do valor das coisas”.

“Seguramente, a falta de confiança nas governanças políticas existentes, a desordem mundial, o aprofundamento da distância entre sociedades ricas e sociedades pobres, o recurso à violência da guerra e também na vida das sociedades civis, fazem com que a esperança se dirija orando à transcendência”, prossegue o vencedor do Prémio de Cultura ‘Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes’ 2009, atribuído pela Igreja Católica em Portugal.

Neste contexto, o professor universitário destaca “a resposta consistente da Igreja, pela voz dos Papas humanistas do século XX, designadamente João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e agora Bento XVI”, falando aos povos “quando estes enfrentam globalmente a tormenta desencadeada por governanças, formais ou informais, que colocaram os valores instrumentais acima dos valores essenciais da verdade, da justiça, do amor e da paz”.

A paz, acrescenta, “é um valor permanente na doutrinação da Igreja”, destacando “a presença de teólogos-juristas na formulação do direito internacional que visa protegê-la”.

“Não faltou o ensinamento do magistério católico de que a miséria, a distinção entre povos afluentes e consumistas, e povos que habitavam o que foi chamado a geografia da fome, era uma ameaça à paz”, recorda Adriano Moreira, num texto que integra a secção especial dedicada ao Dia Mundial da Paz.

OC

 

 

 

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