Igreja/República: Lino Neto, 50 anos depois

Lisboa, 16 nov 2011 (Ecclesia) – O Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa evoca hoje em Lisboa, os 50 anos da morte de António Lino Neto (1873-1961), apresentado como “um católico empenhado na regeneração da Igreja e de Portugal”.

A posição é assumida pelo historiador João Miguel Almeida, num texto publicado terça-feira pelo semanário Agência ECCLESIA sobre esta figura do catolicismo português que se destacou na transição da Monarquia para a República.

“António Lino Neto foi um militante católico toda a vida e dirigente de organizações católicas desde o final da Monarquia Constitucional aos primórdios do Estado Novo, advogado, professor catedrático de Economia Política e publicista”, escreve João Miguel Almeida, que com António Matos Ferreira é responsável pela organização do novo livro ‘António Lino Neto: perfil de uma intervenção pública: antologia de textos (1894-19409’.

Para o especialista, as intervenções públicas de Lino Neto no início do século XX “traçam, como resposta ao sentimento de decadência causado pelo Ultimato de 1890, uma regeneração nacional assente em três pilares: uma revitalização da Igreja Católica através de uma melhor formação do clero; uma reforma económica baseada no ressurgimento da agricultura; uma reforma da administração pública mediante a descentralização e uma transferência de poderes para os municípios”.

Durante a Grande Guerra, este católico integra, como vogal, a Comissão para Assistência Religiosa em Campanha, de 1916 a 1918.

Na República Nova de Sidónio Pais, António Lino Neto assume responsabilidade políticas de nível nacional, ao ser eleito pelo Centro Católico Português (CCP) para a câmara dos deputados, da qual será vice-presidente e presidente interino.

Na república do pós-Grande Guerra, António Lino Neto é eleito presidente do CCP, cargo que exercerá de 1919 a 1934, afirmando “a prioridade da causa católica em relação à questão do regime, seguindo as diretrizes do episcopado e em coerência com o empenho do Papa Bento XV”.

“Esta atitude torna o CCP alvo do fogo cruzado entre republicanos laicistas, que querem repor a Lei da Separação do Estado e das Igrejas de 1911 na sua ‘pureza intangível’, e monárquicos fiéis a D. Manuel II para quem os direitos da Igreja Católica só seriam defendidos com a restauração monárquica”, refere João Miguel Almeida.

A partir de 1941, Lino Neto “vai-se desvinculando das suas diversas atividades profissionais”, para continuar a publicar em jornais católicos.

OC

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