Braga: Arcebispo quer que «lágrimas» se convertam em solidariedade

D. Jorge Ortiga diz que crentes permitem «cristianismo anémico» e compara aumento do IVA na cultura à fruição gratuita do santuário do Bom Jesus

Lisboa, 24 out 2011 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga pediu este domingo aos católicos para serem mais solidários com a população em dificuldades, durante a missa de encerramento do congresso luso-brasileiro do Barroco que decorreu na cidade minhota.

“Hoje em dia não conseguimos conter as lágrimas perante tanto desemprego, tantos impostos, tanta violência doméstica, tanta miséria, tanta corrupção política, tantas greves, tantos roubos, tanta fome, tantas dívidas, tantas mortes cancerígenas, tanta mentira”, afirmou D. Jorge Ortiga, segundo a homilia publicada no site da arquidiocese.

O prelado, anterior presidente do episcopado português, pretende que as “lágrimas se tornem em solidariedade eclesial com as lágrimas daqueles que estão céticos, desconfiados, desiludidos, frustrados”, numa sociedade que se caracteriza por “correr sem direção e perder-se em lamentações”.

“A Ressurreição é a nossa missão e razão de existir e, sem vergonha, deveríamos chorar lágrimas quando nos afastamos da centralidade de Cristo, pensando que Ele está morto quando somos nós que permitimos um cristianismo anémico”, sublinhou o arcebispo na homilia inspirada em três das quase 20 capelas do santuário bracarense do Bom Jesus.

D. Jorge Ortiga salientou que o templo oferece “uma lição genuína que deveria ser compreendida e examinada” pela arquidiocese, chamada a restaurar-se “através das lágrimas solidárias pelos sofrimentos do mundo”, por uma relação mais intensa com a Bíblia e o sacramento da Eucaristia, bem como pelo “amor a Deus e ao próximo”.

Depois de referir que o aumento do IVA em alguns setores da cultura tem afastado os portugueses do seu consumo, “fundamental para a formação humana”, D. Jorge Ortiga congratulou-se com o “contributo gratuito” que o Bom Jesus “prestou à cultura artística portuguesa”.

No entender do responsável, o templo barroco que em 2011 assinala os 200 anos da sua conclusão “deve merecer a atenção e carinho de todos os portugueses, assim como das entidades oficiais, não fosse ele um dos melhores recantos de dimensão natural e religiosa do mundo”.

No congresso, que decorreu de quinta-feira a sábado no Bom Jesus, “praticamente todas as intervenções trouxeram aspetos novos”, disse ao “Diário do Minho” o presidente da Comissão Científica da iniciativa, Aurélio de Oliveira, acrescentando que os dados revelados devem ser “objeto de análise, de reflexão e de crítica”.

RJM

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