Novas políticas para erradicar a pobreza

Retoma económica terá que passar pela «correcta distribuição de riqueza e a criação de emprego em condições dignas»

Lisboa, 18 out 2011 (Ecclesia) – Algumas das principais organizações portuguesas de solidariedade social aproveitaram esta segunda-feira a celebração do 18º Dia Mundial de Erradicação da Pobreza para pedir ao poder político uma maior intervenção a favor dos mais desfavorecidos.

Em entrevista ao programa ECCLESIA, o diretor executivo da CAIS colocou o dedo na ferida, afirmando que a questão da pobreza “não está na agenda de quem tem poder para resolver, tomar decisões e puxar para a frente”.

“Temos de ir pelas políticas, os direitos têm de ser salvaguardados, os deveres também, não podemos deixar a cada um fazer o que pode, porque isso não resolverá nunca”, apontou Henrique Pinto.

Para aquele responsável, Estado e “instituições sociais no terreno” têm cometido o erro de combater a crise, a pobreza e a exclusão social através de soluções temporárias, em vez de garantirem medidas mais definitivas.

“Vamos remendando buracos, pondo pensos ali e além, dando sopas, roupa, encaminhando pessoas para os serviços de saúde, mas não estamos a ir à causa dos problemas”, reforçou.

No entender da EAPN Portugal – Rede Europeia Anti-Pobreza, descobrir as causas da pobreza tem de passar, antes de mais, por “dar maior visibilidade” a este fenómeno, recorrendo ao trabalho voluntário e às “novas tecnologias de informação”.

Uma conclusão saída do III Fórum Nacional de Pessoas em Situação de Pobreza e/ou Exclusão Social, que aquela associação de solidariedade organizou esta segunda-feira, no Porto.

Cerca de um centena de pessoas em situação mais desfavorecida foram convidadas a refletir sobre a crise, os seus principais desafios e soluções a aplicar.

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Depois desta fase preparatória, o debate centrou-se em quatro áreas principais: emprego/desemprego, prestações sociais, habitação e o papel do voluntário na luta contra a pobreza.

Outra das soluções propostas pelo Fórum foi a promoção de uma “interlocução dos cidadãos desfavorecidos e das organizações sociais junto do Governo e/ou das instâncias europeias, no sentido de criar mecanismos que contribuam para a diminuição das desigualdades sociais”.

Segundo o diretor da CAIS, para além da definição de novas políticas, falta também “reconstruir” todo um sentimento de comunidade, que hoje se perdeu no meio de um autêntico “apartheid social”.

“Estamos cada vez mais a viver num pais onde criamos serviços para quem é pobre, a custo social, e temos preços para quem é rico. Isto divide o país, coloca pessoas numa situação de segunda, terceira classe, e outras em primeira classe”, lamentou.

O Dia Mundial de Erradicação da Pobreza foi instituído pelas Nações Unidas em 1992, com o objetivo de mobilizar esforços no combate a um fenómeno que afeta cerca de 1300 milhões de pessoas.

De acordo com o diretor executivo da Oikos, organização não governamental portuguesa para o desenvolvimento, “toda a primeira década do século XXI foi perdida na luta contra a pobreza, apesar do crescimento das economias desenvolvidas e emergentes”.

Mesmo que Portugal e a União Europeia retomem o caminho do crescimento económico, “será necessário ainda assim garantir uma correta distribuição de riqueza e a criação líquida de emprego em condições dignas”, salientou aquela instituição.

PTE/JCP

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