Trabalho: Precariedade tem alternativas e não é solução para a competitividade, dizem católicos, sindicalistas e bolseiros

São esperados «milhares» de participantes para piquenique em Lisboa, sábado, no qual vai surgir uma carta aberta para os órgãos de soberania

Lisboa, 06 jul 2011 (Ecclesia) – A precariedade laboral tem alternativas e não é com ela que a produtividade e competitividade de Portugal vai aumentar, defenderam hoje católicos, sindicalistas e bolseiros de investigação científica.

O “Pic-Nic contra a Precariedade”, que decorre no sábado num dos espaços mais emblemáticos da capital, o Parque Eduardo VII, foi apresentado esta tarde em conferência de imprensa realizada em Lisboa.

Da iniciativa vai surgir uma carta aberta dirigida aos órgãos de soberania, subscrita pelos organizadores: Juventude Operária Católica (JOC), Inter-Jovem (estrutura da central sindical CGTP-IN), Movimento Doze de Março (M12M) e Associação de Bolseiros de Investigação Científica.

O encontro, para o qual são esperados “milhares de pessoas”, abre às 10h30 com uma “performance”, seguida de quatro mesas-redondas simultâneas que se prolongam até às 12h30, referiu Valter Lóios, coordenador da Inter-Jovem.

A presidente da JOC, Elisabete Silva, explicou à Agência ECCLESIA que o colóquio promovido pela organização da Igreja, ‘Tertúlia sobre a dignidade dos jovens’, justifica-se pelas “situações precárias”, como “recibos verdes e horários laborais desregulados”.

“Balanço do protesto da “Geração à rasca” e perspetivas de futuro” (M12M), “A resposta necessária” (Inter-Jovem) e “Alteração ao estatuto do bolseiro” (Associação de Bolseiros) constituem os temas das restantes mesas-redondas.

A partir das 14h30 realiza-se uma troca de pontos de vista “muito informal”, onde se pretende que sejam apresentadas “propostas de ação e luta para mudar a situação”, apontou Valter Lóios, que mencionou a “luta histórica” da JOC na defesa da juventude.

A presença do economista Tiago Cunha neste debate foi justificada pelo próprio com a necessidade de “desmontar a tese falsa” de que “a precariedade é solução para a produtividade e competitividade”, enquanto que a participação da jurista Lúcia Gomes assenta na convicção de que “99% da precariedade é ilegal”.

Tiago Cunha, da CGTP, estima que existam em Portugal 1 milhão e 200 mil trabalhadores com vínculo precário, fenómeno com “incidência muito maior nos jovens” mas que é “transversal” à população portuguesa.

“Temos necessidade de valor acrescentado na produção e perguntamos como é possível a formação profissional quando se sabe que o vínculo de um trabalhador vai terminar e que o seu posto de trabalho está sujeito a alta rotatividade”, assinalou o economista, para quem a precariedade “intensifica a exploração”.

Referindo-se ao “problema demográfico”, associado à sustentabilidade da Segurança Social, Tiago Cunha denunciou a falta de “condições de estabilidade” para a constituição de famílias por parte dos casais jovens, salientando que “a precariedade não só não resolve o problema, como o agrava”.

Para Elisabete Silva, o envolvimento da Juventude Operária Católica na iniciativa não significa uma coincidência de pontos de vista políticos com as outras organizações, dado que a JOC é “completamente apartidária”.

“Esta parceria realiza-se com vista a um objetivo comum, que é o de considerarmos a precariedade como algo que não é inevitável e que tem alternativas”, frisa a responsável, acrescentando: “Não há nada que nos impeça de estarmos juntos naquilo que diz respeito à nossa vida”.

RM

 

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