Igreja/Política: Católicos devem mostrar coerência em tempos de crise

Acácio Catarino, vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz, apela ao diálogo e ao reforço de uma identidade comum

Lisboa, 07 jun 2011 (Ecclesia) – Acácio Catarino, vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), defendeu hoje a necessidade do “diálogo social e político, no interior da Igreja”, afirmando que o mesmo não tem de visar “a elaboração de programas políticos”.

Em texto publicado na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA, este responsável apela ao aprofundamento da “identidade comum” dos católicos e à “procura dos entendimentos possíveis, não pondo sequer a hipótese de eles serem conseguidos em todos os domínios”.

“Enquanto não desenvolvermos, entre nós, o diálogo social e político, não testemunhamos a nossa fraternidade e comunhão”, assinala.

O antigo conselheiro do ex-presidente Jorge Sampaio para as questões sociais observa que “no atual período de crise profunda, está muito em voga os cristãos sentirem-se no direito-dever de denunciarem sistematicamente os males que vêm acontecendo no mundo político-social”.

“Alguns misturam de tal maneira a orientação religiosa com as suas opções político-partidárias que chegam a considerar estas como prolongamento da própria doutrina da Igreja”, refere Acácio Catarino, acrescentando que “sem o respeito pelo pluralismo, a suposta denúncia da injustiça pode saldar-se pela defesa de interesses próprios”.

Para este especialista, qualquer denúncia “perde credibilidade quando se dissocia do anúncio e quando este se dissocia do testemunho”.

“Mesmo admitindo a retidão exemplar dos cristãos na sua vida pessoal, familiar, profissional, cívica e nas restantes dimensões, subsistem, pelo menos, três insuficiências que reduzem seriamente a sua credibilidade sociopolítica: uma insuficiência respeita à ação social de serviço, a favor das pessoas mais necessitadas; a outra ao pluralismo, dentro e fora da Igreja; a terceira ao desenvolvimento local”, aponta o vogal da CNJP.

Em conclusão, Acácio Catarino sugere que os católicos não deixem de “fazer as denúncias necessárias”, sem esquecer um “anúncio adequado” e um “testemunho convincente”, “incluindo o testemunho da fraternidade na divergência, na procura das convergências possíveis, e na aceitação singela de que estas, muitas vezes, não são possíveis”.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top