Igreja: Repensar comunicação, mudar ação

Lisboa, 07 jun 2011 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal deve “repensar” a sua ação eclesial, desde a celebração litúrgica à comunicação e o marketing, passando pelos posicionamentos políticos e mesmo económicos, perante um novo cenário social.

José Cabral d’Aguiar, consultor em Comunicação, assinala na edição de hoje do semanário Agência ECCLESIA que “repensar a Pastoral da Igreja em Portugal implica, também, repensar a forma como a Igreja comunica”.

“A lógica mediática contemporânea, sobretudo a televisiva (que continua a ser o meio com maior impacto), que compacta e simplifica a informação de formas por vezes exasperantes, deve obrigar a Igreja a planear melhor não apenas o que quer transmitir, mas também de que forma, através de que meios, ponderando os melhores momentos para fazê-lo”, refere o especialista.

Madalena Abreu, docente de Marketing no Instituto Politécnico de Coimbra e autora do livro ‘Marketing Religioso’, convida a “assumir com clareza e responsabilidade que esta ferramenta está ao serviço da Igreja.”

“Há que iniciar o trabalho de comunicação estabelecendo critérios para perceber que diferentes grupos existem num determinado conjunto de pessoas. E as razões para diferenciar as pessoas podem começar por critérios tão objetivos e comuns como a idade, tamanho do agregado familiar ou estado”, aconselha.

A autora destaca, no seu texto, que “neste mundo de abundância de mensagens, só aquelas que ‘fazem a pessoa parar’ poderão passar a uma fase de perceção do seu conteúdo. Quer dizer, a reflexão só vem depois”.

Acácio Catarino, vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz, fala de escolhas políticas e sociais, apelando a um “testemunho convincente, incluindo o testemunho da fraternidade na divergência, na procura das convergências possíveis, e na aceitação singela de que estas, muitas vezes, não são possíveis”.

Clara Menéres, escultora, assinala, por sua vez, que “o tempo da cristandade acabou”, pedindo “católicos que tenham uma fé bem alicerçada e uma formação sólida”.

“Para além de pensar a pastoral, é urgente ensinar as pessoas a descobrirem a sua dimensão divina, ou seja, a presença de Deus em cada um, ajudá-las a desenvolver o embrião de vida que nos é dado pelo dom da fé, descobrir o rosto de Cristo, ícone de Deus, e a relacionarem-se com ele no Amor. É esse o papel da liturgia, propiciar a adoração e transformar o local da celebração num território sagrado, o lugar onde Deus se manifesta”, alerta.

«Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal» é o projeto que tem unido dioceses, congregações e movimentos e obras eclesiais, numa reflexão que envolveu milhares de leigos, religiosos e sacerdotes, a nível nacional.

O tema estará presente nas próximas Jornadas Pastorais do Episcopado (Fátima, 13‑16 de junho de 2011), com particular acentuação na nova evangelização, pelo que vai marcar presença em Portugal o arcebispo Salvatore Rino Fisichella, presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização.

OC

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