Coração sem fronteiras: a presença da CONFHIC no mundo

Maria Amélia Carreira das Neves, FHIC

Que felicidade cooperar na salvação dos outros! A Beata Maria Clara, Fundadora da CONFHIC, envia Irmãs a outros climas e culturas para, na gratuidade, tornar Deus conhecido e amado. Libertada por Deus das seguranças humanas, irrompe na Igreja para construir um mundo mais justo, mais humano, segundo palavras do Beato João Paulo II: Na segunda metade do século XIX, os ventos da história sopravam contrários e borrascosos, com naufrágio de esperanças sem conta e o bom Deus a fazer dos próprios náufragos salva-vidas, como no caso da Irmã Maria Clara. Agarrada por Cristo, esvaziada de si mesma, aparece como uma clara luz a erguer-se na história missionária da Igreja em Portugal, para iluminar, os de perto e os de longe.

A Hospitalidade, carisma da CONFHIC, é identificada desde o início como total abertura a Deus e aos irmãos, pois a comunhão é missionária e a missão é para a comunhão. O ardor da caridade divina incendeia a vida da Beata Maria Clara que, desde 1871, continua a curar, a libertar a Humanidade, no abraço acolhedor das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. Na igreja peregrina, a Mulher também é chamada a alargar o seu convento para os confins da terra, entrando ativamente na realização universal do mandato missionário. O envio das Franciscanas Hospitaleiras para terras de além-mar, em 1883, faz delas as primeiras mulheres missionárias portuguesas.

Abrir caminhos de fraternidade para que os ricos se convertam aos mais desfavorecidos é a lógica do amor em toda a ação e decisão da CONFHIC, abrindo-se ao serviço do próximo em toda a terra habitada, mesmo quando esse serviço conduz ao sofrimento e à morte. Relatam os jornais: As Franciscanas Hospitaleiras vão, aproximam-se, arriscam-se, caem, imolam-se, e não pedem ao mundo nenhum prémio, nem louvor. A sua aspiração é contrária ao espírito mundano de competição e poder, causando impacto sobre os valores do mundo.

A Mãe Clara capta e lega à CONFHIC o sentido da natureza missionária da Igreja na sua trilogia: mistério (sacramentalidade), comunhão (catolicidade) e missão (apostolicidade). Hoje, como ontem, por entre cruzes e martírio, resplandece a luz da evangelização Franciscana Hospitaleira a todas as classes de pobres, de Lisboa ao Minho e ao Algarve, cruzando os mares até à África, Ásia e Américas. A missão, indo ao encontro dos pobres a todas as latitudes, vai ao encontro do sofrimento, da injustiça social, para iluminar os povos com o rosto de Jesus de Nazaré, aquecendo corações sem esperança.

Lucere et Fovere, tornar o amor de Deus presente num mundo egoísta, secularizado, ateísta, exige às Irmãs Franciscanas Hospitaleiras a vivência integral do Sermão da Montanha e das Obras de Misericórdia, em Fraternidade, levando a humanidade a reconhecer que o Pai enviou o seu Filho ao mundo para salvação de todos. Cada Irmã é missionária mais por aquilo que é do que por aquilo que diz ou faz, encarnando a vontade do Pai. A missão Ad Gentes é uma atividade primária e essencial da Igreja, jamais concluída na evangelização de doentes, marginalizados, refugiados e deslocados, carentes de educação, promoção da mulher, direitos humanos, areópagos do saber, etc.

A Missão é uma consequência da própria conversão a Cristo, colocando a CONFHIC ao serviço da CARIDADE desde a Rerum Novarum à Caritas in Veritate. As Franciscanas Hospitaleiras são sinais vivos de Cristo Ressuscitado no mundo global, concretizando as palavras de Paulo VI: Entre evangelização e promoção humana, desenvolvimento e libertação há laços profundos para que a Luz da Ressurreição brilhe a todos os povos. A vida consagrada em comunidade é meio privilegiado de evangelização e o carisma das Franciscanas Hospitaleiras aparece marcado por uma originalidade e por uma feição própria, que lhes atrai admiração. O clássico átrio dos gentios, de novo atual na pastoral de Bento XVI, aparece já na criatividade das primeiras Irmãs enviadas para a Índia: Na enfermaria dos gentios, as Irmãs colocam o quadro de São Francisco Xavier e alegram-se com graças de conversão. Para os doentes não acamados evitarem a ociosidade, as Irmãs organizam leituras morais feitas em grupo.

O carisma da CONFHIC atravessa séculos e continentes com a exclamação da Beata Mãe Clara: Minha alma glorifica ao Senhor porque opera milagres sobre o nosso calvário. A nota oficial da Igreja, em dezembro de 1899, anuncia ao mundo a sua morte: Todos, dentro e fora do Convento, lhe recordam os méritos para com a Igreja e a sociedade e lhe exaltam as virtudes. Hoje, em maio de 2011, a Igreja exalta as suas virtudes, apresentando-a ao mundo como Beata Maria Clara.

Maria Amélia Carreira das Neves, FHIC

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