Últimos doze meses foram de grande atividade para o Papa alemão, de 84 anos
Lisboa, 19 abr 2011 (Ecclesia) – Bento XVI completa hoje seis anos de pontificado, com uma progressiva exposição mediática, por força das várias viagens e intervenções públicas que têm servido para redefinir a sua imagem inicial de Papa de transição.
O primeiro Conclave do terceiro milénio, no dia 19 de abril de 2005,elegeu Joseph Ratzinger como novo Papa, na quarta votação, duas semanas depois da morte de João Paulo II.
Os últimos doze meses do atual pontificado foram de grande atividade, com destaque para a publicação do novo volume do livro de Bento XVI sobre «Jesus de Nazaré», obra central do trabalho do teólogo e intelectual alemão, que se empenha numa luta pela credibilidade religiosa e histórica do cristianismo.
Outra obra de grande impacto foi o livro-entrevista, «Luz do Mundo», resultante de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald, um registo inédito permitiu dar a conhecer Bento XVI e o seu pensamento sobre temas centrais para a Igreja e a sociedade.
Ainda no mesmo âmbito, o Papa vai estar na televisão pública italiana (RAI) para responder às perguntas de telespectadores, numa emissão que tem lugar a 22 de abril, sexta-feira Santa.
A questão dos abusos sexuais cometidos por membros do clero foi uma sombra permanente sobre Bento XVI, que lhe procurou fazer frente apelando, por diversas vezes, à necessidade de justiça e de reparação, no seio da Igreja, em colaboração com as autoridades civis.
De 11 a 14 de maio do ano passado, Bento XVI passou por Lisboa, Fátima e Porto, revelando capacidade de estar próximo das pessoas e de falar para lá das fronteiras da Igreja.
Se Portugal foi uma lição central para perceber o que pensa o Papa sobre o futuro da Igreja, a visita ao Reino Unido (16-19 de setembro) mostra o que deseja da relação entre a comunidade crente e um mundo crescentemente secularizado – que viria a confirmar com a criação de um Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização e o lançamento da iniciativa «Pátio dos Gentios», para o diálogo com os não crentes.
Em Santiago de Compostela e Barcelona (6-7 de novembro), Joseph Ratzinger retomou as suas preocupações sobre a Europa do século XXI, progressivamente afastada da fé em Deus, escolhendo dois símbolos mundiais: os caminhos de peregrinação, na Galiza, e a basílica de Gaudí, na Catalunha.
Também dentro da Itália se viveram momentos significativos, com a visita pastoral a Turim (2 de maio), diante do Santo Sudário, e viagem a Palermo, Sicília (3 de outubro), onde Bento XVI não teve medo de criticar abertamente a Mafia.
A viagem ao Chipre (4-6 de junho) funcionou como uma espécie de prelúdio para Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente, que em outubro de 2010 levaria ao Vaticano as preocupações de várias comunidades ameaçadas pela pobreza, o fundamentalismo, a violência e a emigração em massa.
O tema da liberdade religiosa voltaria a estar em destaque na mensagem que o Papa escreveu para o Dia Mundial da Paz 2011, afirmando que os cristãos são as principais vítimas de perseguição por causa da fé, no mundo.
Para este ano, estão previstos acontecimentos como a beatificação de João Paulo II, a 1 de maio, e a reedição do encontro inter-religioso de Assis (Itália) de 27 de outubro de 1986, no mesmo dia, este ano sobre o tema «Peregrinos da verdade, peregrinos da paz».
O calendário das viagens inclui visitas a quatro países – Croácia, Espanha, Alemanha e Benim -, para além de quatro deslocações a dioceses italianas.
Desde o início do pontificado, Bento XVI, que completou 84 anos de idade no último sábado, fez 18 viagens apostólicas fora da Itália.
OC