Lisboa: Cardeal-patriarca recusa fé individual em contradição com convicções da Igreja católica

«Ser fiel» implica aceitação dos ensinamentos do Papa e dos bispos, realçou D. José Policarpo em catequese sobre «A fidelidade»

Lisboa, 28 Mar (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa sublinhou este domingo que a fé individual dos católicos não pode separar-se das convicções da Igreja, a começar pelas consequências extraídas dos textos da Bíblia.

Na catequese proferida na sé patriarcal, D. José Policarpo afirmou que as “interpretações individuais que se afastem do sentir da Igreja” contribuem para enfraquecer a fé pessoal, “chegando a adulterá-la gravemente”.

Depois de lembrar que a “obediência da fé” constitui um “sinal de comunhão com a Igreja de todos os tempos”, o prelado salientou que a Tradição, “corrente ininterrupta da mensagem” cristã, é “tão importante como a palavra escrita da Sagrada Escritura”.

A intervenção do cardeal-patriarca, intitulada “A Fidelidade”, salientou também a importância da aceitação das orientações transmitidas pelo Papa e pelos bispos: “Ser fiel à fé da Igreja significa igualmente a aceitação do Magistério, o ensinamento dos Apóstolos de Jesus e seus sucessores através dos tempos”.

“O próprio facto de os membros da Igreja serem chamados “fiéis”, mostra, na consciência colectiva da Igreja, o carácter afirmativo deste desafio de fidelidade”, disse D. José Policarpo, para quem “a fé pessoal, mesmo na variedade dos carismas, tem de ser a fé da Igreja”.

Numa catequese dedicada às “exigências espirituais e pastorais da fidelidade”, o prelado realçou a importância dos “testemunhos da fé”, que constituem “mais uma razão” para que as convicções individuais coincidam com as da Igreja.

“A fé da comunidade (…) fortalece a nossa fé, ilumina a nossa obscuridade, esclarece as nossas dúvidas, vence a nossa tibieza e hesitação”, referiu o prelado, acrescentando que “só em Igreja, ajudados por tantas testemunhas”, os católicos podem permanecer fiéis.

A fidelidade “só é possível com a força de Deus”, pelo que é preciso pedi-la através da “oração”, lembrou também o cardeal-patriarca, acentuando que “ao acreditar, o homem não renuncia à vida, pelo contrário, aprende verdadeiramente a ser homem”.

As catequeses de Quaresma de D. José Policarpo, dedicadas à “renovação evangelizadora da Igreja”, decorrem no ano em que o prelado assinala o 50.º aniversário da sua ordenação como padre.

A primeira catequese teve por tema “A Igreja é o Povo do Senhor”, tendo-se seguido uma reflexão sobre “A resposta da Igreja: Escutar a Palavra do Senhor”.

A 2 de Abril vai ser proposta uma reflexão sobre “A Santidade”, no dia 10 do mesmo mês aborda-se o tema “A vocação e Missão”, enquanto que a sexta última catequese, marcada para 17 de Abril, Domingo de Ramos, terá como título “Em cada ano a Igreja celebra a Páscoa com o seu Senhor”.

As catequeses, que são seguidas da oração litúrgica de Vésperas, rezada pela Igreja católica ao fim da tarde, podem ser acompanhadas em directo pela Internet através do Seminário dos Olivais e do Patriarcado de Lisboa, e visualizadas em vídeo na página da Renascença.

A Quaresma, que este ano começou a 9 de Março (quarta-feira de Cinzas), é um período de 40 dias, exceptuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.

RM

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