Solidariedade: Fundo Social da Igreja portuguesa é insuficiente para as necessidades

Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas, procura estratégias para impedir o «escoamento rápido» dos recursos

Lisboa, 06 Jan (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa está preocupado com o esgotamento dos recursos do Fundo Social Solidário, criado pela Igreja Católica em 2010 para acorrer aos mais necessitados.

“Temos consciência de que por muito generoso que venha a ser este Fundo, ele será sempre insuficiente face às necessidades, que são cada vez mais e muito complexas”, e algumas “não se resolvem apenas com dinheiro”, afirmou Eugénio Fonseca à Agência ECCLESIA.

A Cáritas Portuguesa está a conseguir responder aos pedidos que lhe têm chegado por parte das dioceses, mas o responsável alerta que é preciso “encontrar uma estratégia” que impeça o “escoamento rápido” dos recursos, o que vai exigir o estabelecimento de “prioridades” na aplicação das verbas.

“Se nem o Estado está a ser capaz de responder a necessidades que exigem respostas imediatas para que as pessoas consigam assegurar a sua sobrevivência, não é a sociedade civil que vai conseguir alcançar esse objectivo”, frisa Eugénio Fonseca.

A síntese das transferências efectuadas pelo Fundo Social Solidário em Dezembro indica que foram apoiadas 323 pessoas, correspondentes a 103 casos provenientes de oito dioceses.

Do montante total atribuído a estes pedidos, cerca de 74 mil euros, 75% foram suportados pelo Fundo Social Solidário, enquanto que o restante resultou de contributos das comunidades locais e diocesanas.

“Quero crer que a falta de participação das paróquias tem a ver com a falta de recursos próprios”, assinala Eugénio Fonseca, acrescentando que cada uma “dará o que puder, como sinal da sua solidariedade”.

O desequilíbrio entre as ofertas das comunidades paroquiais e das dioceses e as contribuições do Fundo Social Solidário preocupa Eugénio Fonseca: “É um problema que estamos a equacionar”.

O responsável explica que o Fundo funciona segundo o ‘princípio da subsidiariedade”, com a partilha de verbas a começar pelas paróquias, seguindo-se as dioceses, que têm projectos de apoio social próprios.

“Dentro das orientações da Igreja, primeiro é a comunidade que responde de acordo com as suas possibilidades; depois será a diocese; e o Fundo Social Solidário [estrutura de nível nacional] ficará para colmatar as necessidades não supridas, na medida das suas possibilidades”, refere o presidente da Cáritas.

“Havendo Fundos diocesanos, não faz sentido que se recorra em primeira instância ao Fundo nacional”, pois em caso contrário “vamos todos ao fundo”, acentua.

O site da Cáritas Portuguesa indica que o saldo do Fundo Social é de aproximadamente 200 mil euros, montante reunido sobretudo com donativos de empresas e particulares.

Em Agosto de 2010, Eugénio Fonseca afirmou que os donativos estavam “aquém das expectativas”, em parte devido às férias de Verão e às campanhas de solidariedade em favor do Haiti e da Madeira, mas a sua perspectiva alterou-se desde então.

“Em termos da generosidade das pessoas, prova-se mais uma vez que elas correspondem quando são mobilizadas e sobretudo quando vêem que os fundos são aplicados naquilo para o qual foram criados”, sublinha o responsável.

O Fundo Social Solidário é administrado pela Comissão Nacional Justiça e Paz, Sociedade São Vicente de Paulo, Cáritas Portuguesa e Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos

RM

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