NATO: força militar não assegura a paz

Bispo das Forças Armadas diz que a organização se deve abrir a «outras geografias». Vaticano fala em momento histórico

O Bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, espera que a NATO seja capaz de se abrir a “outras geografias e outros temas”, assinalando que a força militar, por si só, não assegura a paz.

O aspecto militar, indica o Bispo das Forças Armadas, “não pode ser menorizado, ostracizado, mas chegou uma altura fundamental em que a NATO deve mostrar que não haverá paz sem outros elementos para além do militar”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, este responsável comentava a reunião de chefes de Estado e de Governo dos 28 países da a Aliança Atlântica, que tem lugar em Lisboa a 19 e 20 de Novembro.

“Os militares não asseguram a paz se não houver desenvolvimento, se não houver justiça, se não houver solução dos problemas económicas, se não houver outras proximidades entre os povos”, alerta D. Januário Torgal Ferreira.

Elementos novos como eventuais crises energéticas, o terrorismo e a ciberguerra “convocam a NATO a não ser uma estrutura de autodefesa”, mas um “suporte da segurança colectiva”, dando “razões de segurança ao mundo”.

Na cimea de Lisboa, a organização apresenta o seu terceiro Conceito Estratégico desde o fim da “Guerra-fria”, definindo as prioridades para a próxima década.

Para a «Rádio Vaticano», trata-se de um momento histórico, que vai “mudar o rosto da NATO” para o século XXI. A emissora pontifícia destaca a importância das relações com a Rússia e o combate ao terrorismo.

A estratégia leva em conta as novas ameaças que pesam sobre a segurança mundial, em particular após os atentados do 11 de Setembro de 2001, nos EUA.

[[v,d,1629,Apresentação da liturgia dominical na Solenidade de Cristo Rei no contexto da cimeira da NATO]]D. Januário Torgal Ferreira admite algumas “reticências” quanto a esta opção estratégica, mas mostra “esperança de que o aspecto mais cultura, jurídico, sociológico seja utilizado pela NATO, fugindo desta efígie unicamente militar que tem dado ao mundo”, sendo vista por muitos como “imperadores militaristas”.

A Aliança do Tratado do Atlântico Norte (conhecida em Portugal pela sigla em inglês, NATO) nasceu em Washinton, no ano 1949 e Portugal integra-a desde o primeiro momento.

Criada para enfrentar a ameaça do bloco soviético, a organização “a NATO sente uma outra responsabilidade após a queda do Muro”, indica D. Januário Torgal Ferreira.

Nesse sentido, se insere o reforço dos laços estratégicos com a Rússia, Índia, China, Japão e Austrália. Destaque ainda para discussão sobre a actual presença no Afeganistão de forças da NATO.

“Do ponto de vista multilateral, a colaboração de muitas pessoas é sempre uma riqueza”, diz o Bispo das Forças Armadas, para quem “neste momento, há outra largueza de vistas, uma convergência muito maior entre Europa e os Estados Unidos”.

A NATO tem como objectivo principal a salvaguarda da liberdade e da segurança de todos os seus membros por meios políticos e militares, para “defender os valores que constituem a democracia, os direitos do homem e o primado do direito”.

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