Seminários querem ser «coração das dioceses»

Responsáveis pela área da formação vocacional fala do lugar destas instituições

A Semana dos Seminários, que a Igreja celebra até dia 14 de Novembro, é considerada como fundamental para abrir aquelas instituições às dioceses, torná-los mais próximos das comunidades paroquiais, das famílias e dos jovens.

Em entrevista ao programa ECCLESIA, dois responsáveis pela área da formação vocacional falam acerca dos principais objectivos desta iniciativa, que se assinala todos os anos, ao mesmo tempo que levantam o véu sobre alguns dos aspectos mais determinantes na vida quotidiana dos Seminários, na diocese de Lisboa.

Para o cónego Nuno Brás, a missão dos Seminários passa por aquilo que está expresso no Concílio Vaticano II: “ser, mais do que a razão, o coração das dioceses”.

Por isso, sublinha o reitor do Seminário Maior de Cristo Rei, nos Olivais, “há toda uma relação afectiva que tem de crescer”, entre as instituições formativas e as respectivas comunidades que servem.

O que se pretende é que a Semana dos Seminários seja uma excelente oportunidade para concretizar essa aproximação.

No caso do Seminário dos Olivais, há várias iniciativas a decorrer, por estes dias, como por exemplo, o “Seminário Aberto”. Ao longo do ano, os seminaristas estão integrados numa comunidade paroquial durante os fins-de-semana, onde acompanham diversos grupos.

Depois, durante a Semana dos Seminários, “esses grupos são convidados, numa tarde, a virem conhecer um pouco da nossa realidade” explica o cónego Nuno Brás.

“Mesmo olhando para os jovens que se aproximam dos seminários, eles demonstram, por vezes, total desconhecimento, sinal de que a informação não passa”, acrescenta o padre Jorge Madureira, responsável pelo Secretariado da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios.

[[v,d,1612,Entrevista ao Cón. Nuno Brás e Pe. Jorge Madureira]]Aqui, a pergunta que se impõe é – O que é então o Seminário? “É um comunidade de discípulos de Cristo” responde o cónego Nuno Brás, formada “por um conjunto de rapazes, já com um chamamento de Deus ao ministério consagrado”, e complementada por “um conjunto de formadores”, que vão ajudando a “discernir a veracidade desse chamamento”.

O padre Jorge Madureira completa esta visão destacando que os Seminários são casas onde é fundamental que haja um “ambiente familiar e comunitário” entre todos os elementos, começando já a preparar os jovens para se inserirem quer “na comunidade de padres que irão constituir”, quer “nas comunidades cristãs, no futuro da sua missão”.

São várias as etapas que constituem o percurso vocacional dos jovens, que pode começar numa fase mais ou menos avançada da vida. Actualmente, o Patriarcado de Lisboa oferece como possibilidades cinco etapas de formação: O Pré-Seminário e o Seminário Menor de Nossa Senhora da Graça, ambos localizados em Penafirme, e os Seminários Maiores de São José, em Caparide, e do Cristo Rei, nos Olivais.

O Pré-Seminário funciona como uma primeira fase de discernimento, apresentando depois ao Seminário Menor os pré-seminaristas que tenham concluído o 9º, o 10º ou o 11º ano de escolaridade; e ao Seminário Maior os que tenham concluído o 12º ano ou que se encontrem já em meio universitário ou profissional.

A vivência comunitária, a oração, centrada na eucaristia, o conhecimento da história da Igreja e da mensagem de Cristo, a formação de uma leitura crente da realidade, são etapas que marcam a descoberta vocacional que é feita nos Seminários.

“É a partir do confronto das vivências de cada um, primeiro com o director espiritual, depois com a restante equipa formadora, que se afere a veracidade, ou não, do chamamento”, completa o cónego Nuno Brás.

Importa não esquecer que cada adolescente, jovem ou adulto que pretende responder ao chamamento de Deus, “chega sempre com uma diversidade de experiências, percursos académicos e pessoais”, recorda o padre Jorge Madureira.

Para pegar em toda aquela matéria-prima humana, e moldá-la à vivência dos Seminários, o segredo, para aquele responsável, está em “conhecer a realidade de cada um e, a partir desta diversidade, pô-la em diálogo e ao serviço da comunhão e da missão da Igreja”.

Cuidar do lado humano terá de ser sempre uma prioridade, para qualquer formador dos Seminários, porque “sem esta dimensão humana bem trabalhada, os futuros padres não terão possibilidade de desempenhar bem a sua missão na Igreja” conclui o secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.

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