Enfrentar os pobres não é fácil

“O desenvolvimento económico não pode estar à margem do desenvolvimento humano”, defendeu o padre Agostinho Moreira no II Fórum Internacional de Pessoas em Situação de Pobreza e Exclusão Social, realizada no auditório da Casa Amarela, na Assembleia da República.

Uma iniciativa que tinha como objectivo apresentar aos representantes parlamentares cinco propostas concretas contra a pobreza.

Perante uma plateia despida de deputados, ao contrário do que se esperava, o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza / Portugal (REAPN), organizadora do evento, começou por dirigir-se ao Ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, considerando ser “urgente definir uma estratégia nacional de luta contra a pobreza”.

“Não pode ser só dar subsídios”, sublinhou o responsável da REAPN, acrescentando que 2010, Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza, “seria uma boa altura para avaliar o que foi feito e identificar as acções necessárias”.

Apesar da falta à chamada, por parte dos grupos parlamentares, o padre Agostinho Moreira disse, em declarações à agência ECCLESIA, que não vai desistir de apresentar condignamente a proposta na Assembleia da República e ao ministro dos Assuntos Parlamentares.

“Vir enfrentar os pobres não seria fácil, portanto a ausência foi a solução mais óbvia” lamenta o presidente da REAPN, receando que “não se consiga mexer no coração, no interior dos representantes parlamentares e do governo, para que actuem com verdade e justiça”.

No final do debate, o sacerdote recebeu uma indicação de que “será possível ter uma reunião com o ministro Jorge Lacão para voltar a estas matérias com mais disponibilidade”.

O segundo passo será “ver se é possível que haja um trabalho com uma equipa transversal dos vários partidos, no sentido de dar passos concretos na aplicação dos objectivos”.

Novos desenvolvimentos só serão conhecidos depois da aprovação, ou não, do próximo Orçamento de Estado.

As propostas apresentadas passam por criar um programa nacional de combate à pobreza; sensibilizar as pessoas, tornando-as mais activas face a este problema social; fomentar uma economia mais humana e solidária; definir novas políticas para proteger os mais desfavorecidos e consagrar a próxima década à erradicação da pobreza.

De acordo com a REAPN, os cinco pontos resultam de contributos dos cidadãos, recolhidos nos 18 distritos do território nacional.

O padre Agostinho Moreira alertou, na sua intervenção, para um problema que se coloca hoje, na acção do Estado face às estruturas sociais de solidariedade: “Muitas vezes, o Estado mantém mais essas estruturas de apoio, do que resolve as situações de pobreza”.

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