Regresso à catequese

Agora que já terminaram as férias e as famílias retomam os seus afazeres laborais e escolares, é tempo de regressar à catequese. Para aqueles que temos responsabilidades neste crucial sector da pastoral da nossa Igreja, regressamos para um ano de algum modo especial uma vez que teremos ocasião de festejar a 50ª edição dos Encontros Nacionais de Catequese, aquele tempo anual em que as equipas diocesanas e nacional da catequese se reúnem para aprofundar laços, conhecer e partilhar projectos, trocar experiências e formação. A reflexão recentemente iniciada na Igreja em Portugal sobre a problemática da missão e da iniciação cristã estará, certamente, muito presente num momento apropriado para honrar o passado e projectar o futuro.

Quanto à vida quotidiana da catequese, esta é, também, a altura propícia para lançar um novo catecismo (4º ano) na expectativa de continuar a criar nas crianças em idade escolar um desejo pessoal de aprofundamento da sua fé, um incentivo para a experiência marcante de viver a sua vida em Cristo, um desafio para o fortalecimento da sua integração na comunidade eclesial. A renovação dos catecismos para as crianças tem revelado a intenção de que esta constitua uma verdadeira experiência de fé, que coloque em relevo a genuína vontade que estas revelam de conhecer Jesus e de seguir o Seu caminho. Naturalmente, uma catequese que se constrói nesta perspectiva é complexa, exigente e trabalhosa mas também incentiva melhor os catequistas a serem verdadeiras testemunhas de fé e modelos de uma sã e amável autoridade adulta num mundo tão parco de verdadeiros projectos de felicidade e tão desleixado no acompanhamento das novas gerações. Assim, esperamos que a catequese seja, igualmente, um desafio para os adultos, uma oportunidade de aprofundar a fé que se lhes pede para comunicar.

Certamente não esqueceremos as famílias – pais, avós e todos aqueles que têm as nossas crianças a seu cargo – e esperamos poder continuar a trabalhar no sentido de os familiarizar com a catequese e de tornar os catequistas próximos e íntimos colaboradores dos projectos educativos da pessoa total que são os seus filhos, netos e educandos. Hoje compreendemos com clareza a importância da vida familiar no processo de desenvolvimento integral da pessoa e da iniciação cristã. Importa, pois, trabalhar com as famílias, tantas vezes desautorizadas e fatigadas, colaborar nas suas tarefas educativas, apoiá-las na transmissão de sólidos e esclarecidos valores existenciais de vida e ajudá-las a colaborar na construção da cultura.

É de relevo o lugar que as crianças e os adolescentes têm nas comunidades cristãs que desejam renovar-se e progredir na descoberta do rosto do Senhor, pelo que desejamos colocar em destaque e, directamente, trabalhar para sublinhar o belíssimo potencial evangelizador dos mais novos. Esse potencial, se incentivado, desabrocha muito determinante e precocemente, pelo que será um importante objectivo para o nosso trabalho colaborar na disseminação e fortalecimento dos projectos de despertar religioso dos pequeninos. Preparar bons programas de educação cristã das crianças em idade pré-escolar deve ser entendido como uma oportunidade imperdível de lançar boas bases para o desenvolvimento da fé e, por isso, não uma experiência anexa à catequese, mas uma preocupação relevante e inovadora dos responsáveis e das comunidades de fé.

Do ano passado retomaremos a reflexão sobre a catequese dos adolescentes. Processo crítico que ocorre numa realidade confusa e tantas vezes despida de sentido, adolescer constitui o processo essencial de forjar e construir uma identidade madura e bem estruturada. É em consonância com essa maturidade humana que se desenvolverá, progressivamente e de modo transversal à personalidade, a identidade cristã adulta, isto é, um modo de se ser pessoa na escuta de Deus através da Palavra, a consciência da responsabilidade de identificar os sinais dos tempos e da vida individual à luz de uma proposta radical de vida no amor e na construção do bem comum, uma maneira particular de viver e celebrar a felicidade e a realização pessoal, uma pertença eclesial esclarecida e generosa, atingidas na entrega total de si ao bem maior da pessoa humana. Há, pois, que educar os adolescentes para um verdadeiro desejo de conhecer a verdade, trabalhar pela justiça e distinguir a beleza que evidencia, na complexa confusão do mundo em rede, uma fé experimentada, inteligente e operativa.

Hoje, toca-nos a nós mudar o mundo. Um bom ano pastoral para todos!

Cristina Sá Carvalho, Departamento da Catequese

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