As ruas da Ribeira vivem, desde o meio da tarde de ontem, o frenesim próprio dos grandes momento com muitos populares a trabalharem afincadamente na decoração do percurso da procissão de Nossa Senhora da Agonia que, depois de ir ao mar, visita os seus maiores devotos em terra.
A rua Monsenhor Daniel Machado, um ilustre pároco desta comunidade piscatória, está este ano decorada com «motivos regionais», numa alusão ao típico bordado de Viana.
Ainda na fase de decoração das fachadas, Ilda Barros adiantou ao DM que naquela longa e estreita rua vão construir um tapete, de ponta a ponta, todo em sal branco.
Nas paredes das diferentes ruas que esta noite foram atapetadas, apareceram umas telas impressas com textos/testemunhos de intervenientes na confecção dos tapetes e fotos que fazem parte da intervenção cultural “Para a Senhora passar”.
Esta novidade está a criar uma grande curiosidade entre os populares da Ribeira, dado que algumas das fotos mais antigas obrigam a ir remexer nas memórias de outrora. Mas o curioso desta intervenção é que um dos cantos já apresenta fotos dos tapetes que foram construídos esta noite, mais um desafio para locais e forasteiros.
Hoje, Viana do Castelo, vive o primeiro e o dia maior da Romaria – o Dia de Nossa Senhora da Agonia. Quem vier à Romaria, se quiser acompanhar os diferentes números, entre o religioso e a etnografia, não se pode descuidar com horários. Obrigatório é visitar as cinco ruas da Ribeira atapetadas.
Depois, a partir das 10h00, é tempo de olhar a mordomia que desfila pela cidade, integrando mais de trezentas raparigas ricamente ouradas por cima dos negros trajes de Mordoma e do vistoso colorido dos fatos de “luxar”. Zabumbas, Zés p’reiras, cabeçudos e gigantones, com a sua revista de cor e som na Praça da República, a partir das 12h30, dividem a meio esta primeira jornada de festividades.
A tarde começa com uma mudança de registo. A vivência da religiosidade impõe-se com a concelebração da Eucaristia, na Capela de Nossa Senhora da Agonia, que o novo Bispo de Viana do Castelo, D. Anacleto Oliveira preside. Segue-se a procissão ao mar e ao rio.
No cais, D. Anacleto Oliveira dá a bênção ao mar, às embarcações e a todos aqueles que da faina tiram o duro pão de cada dia. Centenas de embarcações acompanham o andor da Senhora a bordo de uma traineira.
Regressados a terra, o andor de Nossa Senhora da Agonia percorre a Ribeira, sempre sobre tapetes de sal e por ruas muito decoradas. O dia termina com uma sessão de fogo de artifício que será queimado do anteporto da doca comercial.
«Diário do Minho»