«Fraternidade» contra choque de civilizações

Alertas deixados na peregrinação internacional dos migrantes e refugiados em Fátima

O responsável da Igreja francesa pelas migrações alertou hoje em Fátima para “os riscos enormes ligados ao terrorismo, ao choque de civilizações, às guerras, à fome, à crise energética e ao monopólio da água”.

Na homilia da Missa de 13 de Agosto, momento culminante da Peregrinação Internacional do Migrante e Refugiado, D. Claude Schockert, bispo de Belfort-Montbéliard, defendeu que face a estes riscos o “desafio da fraternidade entre homens e jovens de culturas e de religiões diferentes transformou-se num desafio absoluto, histórico”.

O texto, lido por Fr. Sales Diniz, director da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), sublinhava que o fenómeno migratório “sofre hoje uma aceleração notável” e “modifica a face de cada país e de todos os países”.

“O horizonte que está em jogo é não só a Europa mas o mundo inteiro”, indicou o presidente do Serviço Nacional da Pastoral dos Migrantes de França.

O bispo francês acenou à história portuguesa para assinalar que “na época de Fernão de Magalhães, vosso compatriota do século XV, época de descobertas de terras até então desconhecidas, a diversidade dos povos e das culturas não metia medo”.

“Contudo, agora, este vasto mundo tornou-se cada vez mais pequeno, tornou-se uma aldeia em que somos vizinhos uns dos outros”, constatou.

D. Claude Schockert observou que “as crianças e os jovens dizem-nos a urgência de descobrirmos e de vivermos uma fraternidade universal que Jesus veio trazer à terra”.

Nesse contexto, alertou para a situação dos migrantes e refugiados menores, frisando que os caminhos da migração “são ainda mais dolorosos para os mais jovens”.

“Na realidade, um número significativo de entre eles são deixados ao abandono e encontram-se expostos a riscos de exploração, vítimas, entre outros, de tráficos diversos e de prostituição”, afirmou o bispo de Belfort-Montbéliard.

“É uma realidade incontestável que o rosto dos migrantes e dos refugiados tem cada vez mais as feições dos menores. Com os pais, deixam os seus países em guerra ou demasiado pobres para os alimentar”, referiu também.

Para o bispo francês, estes menores precisam de “estabilidade, serenidade e segurança para crescerem e se tornarem plenamente homens e mulheres”.

D. Claude Schockert falou ainda aos emigrantes portugueses que vieram “de muitos países e também de França”, para “reforçar as vossas raízes culturais, familiares e espirituais, neste regresso à vossa terra e aqui a Fátima”.

“Nesta terra de Fátima, como em muitas outras de tantos países em que costumais reunir-vos, católicos da diáspora portuguesa, vamos pedir à Mãe do Senhor o dom de termos olhos que reconheçam a presença de Jesus crucificado nos migrantes e refugiados menores”, apontou.

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Agência ECCLESIA

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