Secretário do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos abre portas a grupos descontentes com a decisão
O secretário do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, D. Brian Farrell, acredita que a ordenação de bispos do sexo feminino na Igreja Anglicana de Inglaterra, aprovada recentemente, vai criar obstáculos ao diálogo ecuménico.
Em entrevista à Agência Zenit, o prelado considera que as conversações entre as duas Igrejas vão prosseguir, embora reconheça que foi criado “um obstáculo enorme para a consecução da finalidade do diálogo em si, que seria a comunhão eclesial total e visível”.
D. Brian Farrell salientou que a ordenação de mulheres é “um abandono ilegítimo da Tradição autêntica”, dado que “todas as Igrejas do primeiro milénio, católica, orientais e ortodoxas, afirmaram que somente homens podem ser ordenados”.
O prelado lamentou a decisão mas realçou que não devem exagerar-se as suas consequências: “Continuaremos o diálogo ecuménico com o realismo que acolhe a realidade como é e tem a consciência de que o cominho por diante será longo e árduo”.
O responsável da Santa Sé abriu as portas à entrada na Igreja Católica de anglicanos inconformados com a decisão tomada a 12 de Julho, mas recusa-se a prever a quantidade de membros do clero que possam recorrer a esta opção, prevista na constituição apostólica “Anglicanorum Coetibus”.
“Qualquer pessoa que professe a fé católica e não tenha impedimentos pode pedir para entrar na comunhão católica”, disse o prelado, acrescentando que o ordenamento jurídico do Vaticano “permite a preservação de alguns elementos da tradição anglicana”.
O secretário do Conselho para a Unidade dos cristãos alertou para a eventualidade de surgirem problemas de “discernimento” quando se tratam de grupos, cabendo à “Conferência Episcopal de um país ou região estudar bem o que se pode e se deve fazer”.
As portas não estão abertas a todos: os denominados “anglicanos tradicionais”, da “parte evangélica da Comunhão Anglicana”, serão liminarmente recusados na Igreja Católica devido às suas “convicções eclesiológicas”, explicou D. Brian Farrell.
Depois de uma votação renhida, a Igreja da Inglaterra decidiu a 12 de Julho, durante o Sínodo de York, que as mulheres podem ser consagradas como bispos, como já ocorre noutras comunidades eclesiais anglicanas.
A resolução só se torna definitiva depois de submetida a um referendo agendado para 2012.