Bispo auxiliar do Porto presidiu à peregrinação aniversária de Julho no Santuário de Fátima
D. João Miranda considera que a crise está a afectar em particular os mais desfavorecidos, afirmando que “os pobres estão a ser espezinhados e os poderosos aguentam-se em seus tronos de barro”.
A situação resulta não só da “falta de dinheiro ou de emprego” mas também da ausência de “fundamento espiritual”, disse o bispo auxiliar do Porto na homilia da missa da peregrinação aniversária de Julho, dedicada ao tema “Há mais alegria em dar do que em receber”.
O prelado defendeu que a “crise mundial” não se resolve “enquanto cada um de nós não fizer um exame de consciência e não chegar à conclusão de que todos – uns mais, outro menos – temos culpa do que acontece”.
“Desumanizamo-nos por egoísmo, falta de amor, e competição no ‘salve-se quem puder’; e depois gritamos que o rei vai nu. Mas quem foi que lhe tirou as vestes?”, perguntou D. João Miranda.
Na homilia, o prelado criticou ainda os ataques à configuração católica da família: “A Europa continua a envelhecer. E no entanto os atentados contra a vida humana continuam, lá fora e cá dentro”.
Para D. João Miranda, “estamos a matar a juventude da nação com promessas sem futuro à vista”, ao mesmo tempo que se abandona a família e se criam “falsas noções” a seu respeito.
Segundo o bispo auxiliar, é preciso “recordar de novo que o primeiro ofício da Igreja, por parte de sacerdotes e leigos, é proclamar a Palavra, anunciar o Reino, evangelizar de novo e em novos moldes”.
Reflectindo sobre o tema da peregrinação, D. João Miranda declarou que “a alegria da Igreja (…) num tempo de tanta provação e sofrimento” está em Deus, que “visitou o seu povo”.
No entender do prelado, que em 2010 completa 75 anos de idade e 50 de ordenação sacerdotal, é a partir de Cristo que “temos de aprender o segredo do verdadeiro amor”, feito de “doação e entrega”, “amor que não calcula mas que se oferece, mesmo que com sacrifício”.