Conclusões do Encontro Ibérico das Comissões Episcopais das Comunicações Sociais

As Comissões Episcopais das Comunicações Sociais de Portugal e Espanha, com a presença do Presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, Mons. Cláudio Maria Celli, reuniram em Málaga para analisar o tema “Igreja e novas tecnologias da comunicação: uma oportunidade para a missão pastoral”. Nos dias 28, 29 e 30 de Junho de 2010 colocaram em comum as suas reflexões, reconheceram quanto se tem feito para incluir a vida da Igreja na actual “cultura digital” e apresentam as seguintes conclusões:

1. Agradecem a Deus os frutos que o Papa Bento XVI deixou na sua recente visita a Portugal, em especial o seu alento a uma evangelização mais profunda da nossa sociedade, que tem no âmbito da cultura e da comunicação um dos seus desafios mais importantes. A acção de graças estende-se ao cordial acolhimento dos ensinamentos pontifícios e ao seu correcto tratamento pelos meios de comunicação social. Nesta linha, fazem votos para que as anunciadas visitas do Papa Bento XVI a Espanha (em Novembro de 2010 a Santiago de Compostela e Barcelona e, em Agosto de 2011, à Jornada Mundial da Juventude, em Madrid) se realizem neste mesmo espírito.

2. Especial consequência para o trabalho pastoral destas Comissões Episcopais têm as suas palavras dirigidas ao mundo da cultura (Lisboa, 12 de Maio de 2010), onde se engloba a pastoral das comunicações e das novas tecnologias que as tornam possíveis, nas quais afirmava, seguindo Paulo VI: “A Igreja deve entrar em diálogo com o mundo em que vive. A Igreja faz-se palavra, a Igreja torna-se mensagem, a Igreja faz-se diálogo (Ecclesiam suam, 67). De facto, o diálogo sem ambiguidades e respeitoso das partes nele envolvidas é hoje uma prioridade no mundo, à qual a Igreja não se subtrai”. Para concretizar este objectivo, querem unir os seus esforços aos dos homens e mulheres que fazem da comunicação e das novas tecnologias o seu meio de vida e de relações pessoais e sociais.

3. Com este interesse partilhado, expressam o desejo de levar a cabo a missão evangelizadora da Igreja no cenário do mundo digital, que consideram uma oportunidade onde se devem envolver sacerdotes, consagrados e leigos, educadores e catequistas, em particular os mais jovens e “nativos” na rede, colocando, com criatividade e audácia apostólica, as novas tecnologias da comunicação ao serviço do anúncio de Jesus Cristo.

4. A evangelização na cultura actual, essencialmente mediática, passa por esta necessária exigência, à qual não basta responder só com louváveis considerações teóricas sobre os meios de comunicação, mas com projectos e realizações, possibilitando recursos materiais, técnicos e humanos necessários.

5. As novas tecnologias não só oferecem à Igreja grandes vantagens para uma mais eficaz gestão pastoral, mas também são meios privilegiados para partilhar bens e serviços, sem desvalorizar o encontro pessoal, familiar e comunitário. Assim se favorece a comunhão eclesial e exercitam novos modos de relacionamento com quantos buscam um sentido transcendente para as suas vidas, na procura da verdade e na realização do bem.

6. Na linha do apelo do Papa ao exercício de um verdadeiro ministério pastoral na “cultura digital”, consideram necessário que os futuros sacerdotes sejam adequadamente preparados para assumirem a missão de bons comunicadores, na qualidade e na transmissão da mensagem.

7. Exortam também pais e educadores a acompanharem os mais jovens no uso das novas tecnologias, em particular a internet, a fim de que sejam benéficas para a pessoa e a sociedade e propiciem a busca da verdade, do bem e da beleza.

8. Conscientes de que o mundo das novas tecnologias não pode ser um espaço isento de responsabilidades éticas e morais, pedem especialmente a atenção dos pais e educadores e a eficaz acção das autoridades, que devem proteger os menores de conteúdos ofensivos da dignidade humana.

9. Valorizam a oportunidade que as novas tecnologias constituem para a coesão social, para superar a solidão, fomentar as relações inter-geracionais e fortalecer novas redes de conhecimentos.

10.   Perante a crise económica actual, que tanto afecta os sectores mais desfavorecidos da sociedade, com origem não apenas em causas económicas mas sobretudo na insuficiência de valores morais, os meios de comunicação são chamados a favorecer a solidariedade, promovendo assim o bem comum.

Málaga, 30 de Junho de 2010

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