O actual período histórico não é generoso para os sacerdotes, pelo que a sua “vida interior” deve ser muito forte para enfrentar os desafios, disse esta Quinta-feira o Núncio Apostólico em Portugal.
Para D. Rino Pasigato, “os meios de informação geralmente prestam escassa atenção às figuras de grande consenso, de grande comunhão, que são a quase totalidade dos sacerdotes”, estando “sempre prontos a evidenciar determinadas figuras sacerdotais que em geral são de dissensão”.
O arcebispo, que falava na abertura das 18.ªs Jornadas de Direito Canónico, sublinhou que a cultura dominante “tende a aprovar um certo tipo de sacerdote, mas para rebaixá-lo o mais possível ao espírito do mundo, o qual à solidez da referência moral prefere o subjectivismo”.
O prelado referiu a necessidade de “remar contra a maré no sentido evangélico do termo”, defendendo que “a musculatura interior de um sacerdote – oração, vida interior e motivações profundas – deve ser muito forte e mantida em forma”.
“Devemos fazer da nossa vida diária um exercício contínuo de renovação interior para enfrentar com entusiasmo e com êxito tantos desafios”, referiu D. Rino Passigato.
O Núncio Apostólico salientou que “o sacerdote é dom e sinal não só para a Igreja, mas também para a sociedade civil, que pode ver nele uma referência útil de pacificação, compreensão, misericórdia e humanização”.
Por seu lado, o reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz, realçou que o tema das jornadas – “O ministério presbiteral na vida da Igreja” – é da “maior acuidade” devido ao Ano Sacerdotal que está em curso e porque a identidade e serviço dos padres “está debaixo de fogo”.
Referindo-se à existência de campanhas de “proporções inusitadas”, “algumas delas muito bem orquestradas e montadas”, Manuel Braga da Cruz afirmou que elas significam que “o ministério presbiteral está vivo e a fazer o que deve” e que “a Igreja está a salgar a terra e salgar dói”.
O bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, defendeu que a vida dos padres no mundo de hoje ocorre num momento “de carência ou de penúria de vocações” e de “provação dura e dolorosa”, que devem ser encaradas como um “grande desafio” a ser respondido com “a santidade e a qualidade de vida espiritual dos presbíteros”.
As jornadas de Direito Canónico abordam a especificidade do diaconado permanente, as implicações sobre a admissão de anglicanos na Igreja Católica, a formação nos seminários e a remuneração do clero, entres outros assuntos.
A iniciativa, que decorre em Fátima até Sexta-feira, é organizada pelo Instituto Superior de Direito Canónico da Universidade Católica Portuguesa.
Com Lusa