Papa homenageia memória de João Paulo II

Missa no Vaticano assinalou quinto aniversário da morte do Papa polaco

Bento XVI presidiu, na Basílica de São Pedro, a uma missa em sufrágio pelo Papa João Paulo II, no quinto aniversário do seu falecimento, lembrando a generosidade do seu predecessor.

Karol Wojtyla faleceu a 2 de Abril de 2005, mas este ano a data coincide com a Sexta-Feira Santa, motivo pelo qual a Missa foi antecipada.

“Toda a vida do Venerável João Paulo II decorreu sob o signo da caridade, da capacidade de doar-se com generosidade, sem reservas, sem medida, sem cálculos. O que o movia era o amor a Cristo, ao qual tinha consagrado a vida, um amor super-abundante e incondicionado”, disse Bento XVI.

Para o actual Papa, “foi precisamente porque se aproximou cada vez mais de Deus no amor que ele pôde tornar-se companheiro de viagem para o homem de hoje, derramando no mundo o perfume do Amor de Deus”.

“Quem teve a alegria de o conhecer e privar com ele, pôde sentir quão viva era a sua certeza de «contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos», que o acompanhou no curso da sua existência”, disse.

Saudando os muitos fiéis polacos presentes na celebração, Bento XVI afirmou que “ a vida e obra de João Paulo II, grande polaco, pode ser para vós motivo de orgulho”.

O sucessor de João Paulo II considerou que “durante o seu longo pontificado, ele prodigalizou-se em proclamar o direito com firmeza, sem debilidades ou hesitações, sobretudo quando devia confrontar-se com resistências, hostilidades e recusas”.

“Sabia que o Senhor o tinha tomado pela mão, e foi isso que lhe permitiu exercer um ministério muito fecundo pelo qual, uma vez mais, damos fervorosas graças a Deus”, acrescentou.

Durante a oração dos fiéis, em polaco, rezou-se “pelo venerável Papa João Paulo II, que serviu a Igreja até o limite das suas forças, para que, do céu, interceda para infundir a esperança que se realiza plenamente participando da glória da ressurreição”.

Também se rezou em alemão por Bento XVI, “para que continue, seguindo os passos de Pedro, a desempenhar o seu ministério com perseverante mansidão e firmeza, para confirmar os irmãos”.

Biografia

O Papa Wojtyla, o primeiro do mundo eslavo, foi uma das figuras mais marcantes da história recente, na Igreja e no mundo, e deixou atrás de si a herança de um longo Pontificado de 26 anos e meio (1978-2005) o terceiro mais longo da história da Igreja.

João Paulo II nasceu no dia 18 de Maio de 1920 em Wadowice, no sul da Polónia, filho de Karol Wojtyla, um militar do exército austro-húngaro, e Emília Kaczorowsky, uma jovem de origem lituana.

Em 1938 foi admitido na Universidade Jagieloniana, onde estudou poesia e drama. Durante a II Guerra Mundial (1939- 1945) esteve numa mina em Zakrzowek, trabalhou na fábrica Solvay e manteve uma intensa actividade ligada ao teatro, antes de começar clandestinamente o curso de seminarista. Durante estes anos teve que viver oculto, junto com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo Cardeal de Cracóvia.

Ordenado sacerdote em 1946, vai completar o curso universitário no Instituto Angelicum de Roma e doutora-se em teologia na Universidade Católica de Lublin, onde foi professor de ética. No dia 23 de Setembro de 1958 foi consagrado Bispo Auxiliar do administrador apostólico de Cracóvia, D. Baziak, convertendo-se no membro mais jovem do episcopado polaco.

Participou no Concílio Vaticano II, onde colaborou activamente, de maneira especial, nas comissões responsáveis na elaboração da Constituição Dogmática Lumen Gentium e a Constituição conciliar Gaudium et Spes.

No dia 13 de Janeiro de 1964 faleceu D. Baziak e Wojtyla sucedeu-lhe na sede de Cracóvia como titular. Dois anos depois, o Papa Paulo VI converte Cracóvia em Arquidiocese. Durante este período como Arcebispo, o futuro Papa caracterizou-se pela integração dos leigos nas tarefas pastorais, pela promoção do apostolado juvenil e vocacional, pela construção de templos apesar da forte oposição do regime comunista, pela promoção humana e formação religiosa dos operários e também pelo estímulo ao pensamento e publicações católicas. Representou igualmente a Polónia em cinco sínodos internacionais de bispos entre 1967 e 1977.

Em Maio de 1967, aos 47 anos, o Arcebispo Wojtyla foi criado Cardeal pelo Papa Paulo VI. Em 1978 morre o Papa Paulo VI, e é eleito como novo Papa o Cardeal Albino Luciani de 65 anos que tomou o nome de João Paulo I.

O “Papa do Sorriso”, entretanto, falece 33 dias após a sua nomeação e no dia 15 de Outubro de 1978, o Cardeal Karol Wojtyla é eleito como novo Papa, o primeiro papa não-italiano desde 1522, ano da eleição do holandês Adriano VI.

Tendo-se formado num contexto diferente dos Papas anteriores, João Paulo II viria a imprimir na Igreja um novo dinamismo, impondo ao mesmo tempo um maior rigor teológico e disciplinar.

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Agência ECCLESIA

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