Vaticano diz que tentativas de implicar Papa no escândalo de pedofilia falharam

Celibato não se pode confundir com abusos a menores, considera porta-voz da Santa Sé

O porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, denunciou as tentativas de “envolver pessoalmente o Santo Padre nas questões dos abusos” e do escândalo da pedofilia na Alemanha.

“Qualquer observador objectivo dá-se conta de que estes esforços fracassaram”, indica uma nota assinada pelo director da Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Pe. Lombardi referia-se ao caso de abuso de rapazes do Coro de Ratisbona (Regensburgo), que durante 30 anos foi dirigido pelo irmão de Bento XVI, Pe. George Ratzinger.

O comunicado da Sala de Imprensa menciona igualmente o acolhimento na arquidiocese de Munique, em Janeiro de 1980, de um sacerdote suspeito de pedofilia.

De acordo com um esclarecimento emitido esta Sexta-feira pela arquidiocese alemã, Joseph Ratzinger, que foi o seu responsável máximo entre 1977 e 1982, participou na decisão de acolher o padre proveniente da diocese de Essen e de o submeter a terapia.

No entanto, em vez de confiar o sacerdote a cuidados médicos, como havia sido determinado, o então Vigário Geral, Gerhard Gruber, encarregou-o, sem restrições, de uma paróquia de Munique.

Não foram registadas queixas contra o presbítero entre o início de 1980 e Agosto de 1982, mas depois deste período surgiram denúncias de abuso sexual, pelas quais o sacerdote foi condenado, em 1986, a 18 meses de pena suspensa, a uma multa e a submeter-se a psicoterapia.

A arquidiocese de Munique, que não teve conhecimento de outras denúncias sobre este sacerdote depois da decisão do tribunal, afastou o presbítero do trabalho com crianças.

Gruber assume a “total responsabilidade” pela decisão, que classifica de “erro grave”, refere a nota da arquidiocese.

No entender do porta-voz do Vaticano, este esclarecimento demonstra que Ratzinger “não estava em absoluto relacionado com as decisões” após as quais se verificaram os abusos.

O comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé refere que as declarações do presidente da Conferência Episcopal Alemã, D. Robert Zollitsch, no seguimento do encontro que teve com o Papa esta Sexta-feira, no Vaticano, reafirmam a necessidade de reconhecer a verdade, ajudar as vítimas, reforçar a prevenção e colaborar de modo construtivo com as autoridades judiciais.

Para o Pe. Federico Lombardi, as afirmações de D. Robert Zollitsch sublinharam “inequivocamente a opinião dos especialistas segundo a qual a questão do celibato não se pode confundir de nenhum modo com a da pedofilia”.

“O Santo Padre estimulou a orientação dos bispos alemães, que – mesmo tendo em consideração as características do contexto do país – pode ser considerada um modelo muito útil e inspirador para outras conferências episcopais que se defrontem com problemas análogos”, lê-se no comunicado da Sala de Imprensa do Vaticano.

Foto: Encontro de Bento XVI com o presidente da Conferência Episcopal Alemã, D. Robert Zollitsch (Vaticano, 12.3.2010)

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Agência ECCLESIA

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