Igreja deve ajudar a curar «no corpo e no espírito»
Bento XVI presidiu esta Quinta-feira à celebração do Dia Mundial do Doente, defendendo que a Igreja “não pode deixar de atender a duas tarefas essenciais: evangelização e cura dos doentes no corpo e no espírito”.
Na homilia da Missa a que presidiu na Basílica de São Pedro, o Papa disse que “quem vive de modo prolongado junto das pessoas que sofrem, conhece a angústia e as lágrimas, mas também o milagre da alegria, fruto do amor”.
A este respeito, frisou que o Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, instituído por João Paulo II, “é sem dúvida uma expressão privilegiada” da solicitude para com os doentes. A Santa Sé, acrescentou, “quis oferecer o seu próprio contributo para promover um mundo mais capaz de acolher e curar os doentes como pessoas”.
“Como Maria, a Igreja guarda dentro de si os dramas do homem e a consolação de Deus, mantém-nos conjuntamente, ao longo da peregrinação da história. Através dos séculos, a Igreja mostra os sinais do amor de Deus, que continua a operar grandes coisas nas pessoas simples e humildes”, acrescentou.
Mais à frente, comentando uma passagem da Carta de São Tiago, que contém o fundamento do sacramento da unção dos doentes, o Papa quis sublinhar o estreito elo entre padres e doentes, “uma espécie de aliança”.
“Ambos têm uma tarefa: o doente deve chamar os presbíteros e estes devem responder, para atrair sobre a experiência da doença a presença e a acção do Ressuscitado e do seu Espírito”.
Para Bento XVI, aqui se vê “toda a importância da pastoral dos doentes, de valor verdadeiramente incalculável, pelo bem imenso que faz, em primeiro lugar ao doente e ao próprio padre, mas também aos familiares e conhecidos, à comunidade e, através vias ignotas e misteriosas, a toda a Igreja e ao mundo”.
“De facto, quando a Palavra de Deus fala de cura, de salvação, de saúde do doente, entende estes conceitos em sentido integral, sem nunca separar alma e corpo; um doente curado pela oração de Cristo, mediante a Igreja, é uma alegria na terra e no céu, uma primícia da vida eterna”, observou.
Bento XVI saudou os doentes e voluntários de “Lourdes, Fátima, Czestochowa e de outros santuários marianos”, bem como os doentes que seguiram a missa a partir das unidades de saúde e dos seus lares: “O Senhor Deus, que guarda constantemente os seus filhos, dê a todos conforto e consolação”.
No dia em que se comemoram as aparições em Lourdes, o Papa disse que a veneração a Maria como “saúde dos doentes” se justifica pelo facto de, como “primeira e perfeita discípula do seu Filho, sempre mostrou, ao acompanhar o caminho da Igreja, uma especial solicitude pelos sofredores.”
Comentando o Evangelho lido na celebração, Bento XVI declarou que na visita de Maria à sua prima Isabel, “que vivia, em idade avançada, uma situação delicada como a gravidez, vemos prefigurada toda a acção da Igreja no apoio à vida necessitada de cura”.
O Papa referiu que a acção de graças (Magnificat) proferida por Maria não é o cântico dos privilegiados pela prosperidade, mas é sobretudo o “agradecimento de quem conhece os dramas da vida mas confia na obra redentora de Deus”.
“É um canto que exprime a fé provada de gerações de homens e mulheres que puseram a sua esperança em Deus” e se empenharam na “ajuda aos irmãos em necessidade”.
“No Magnificat sentimos a voz de tantos santos e santas da caridade, em particular naqueles que passaram a sua vida entre os doentes e os sofredores”, indicou o Papa.