Mais do que soluções técnicas, é precisa uma «profunda solidariedade»
O Papa estará presente no primeiro dia da cimeira mundial sobre segurança alimentar, que decorrerá em Roma entre 16 e 18 de Novembro. O encontro é organizado pela FAO, organização das Nações Unidas para a alimentação e agricultura.
Na mensagem dirigida ao director-geral daquele Organismo, Jacques Diouf, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação deste ano, Bento XVI recordou que os “bens da criação são limitados por natureza: são precisas, portanto, atitudes responsáveis e capazes de favorecer a segurança procurada, pensando igualmente na das gerações vindouras. Por conseguinte, é necessária uma profunda solidariedade e uma fraternidade clarividente”.
“O drama da fome – continua o texto do Papa – só poderá ser vencido eliminando as causas estruturais que o provocam e promovendo o desenvolvimento agrícola dos países mais pobres”.
Na continuidade dos seus predecessores, Bento XVI marcou sempre presença nas assembleias da Organização para a Alimentação e Agricultura.
A Cáritas Internacional e a CIDSE – associação de cooperação internacional para o desenvolvimento económico que agrupa diversas organizações católicas – também marcarão presença na cimeira. As duas instituições, que apostam no potencial dos pequenos agricultores, temem que a comunidade internacional promova técnicas de alta tecnologia, muitas das quais são insustentáveis do ponto de vista social e ambiental.
Os dois Organismos esperam que os responsáveis reiterem o apoio a uma maior abertura dos mercados e à conclusão das negociações comerciais de Doha.
Director-geral da FAO entrou em greve de fome
Horas antes do início da cimeira, Jacques Diouf iniciou uma greve de fome de 24 horas, chamando a atenção para o drama das carências alimentares, refere o site da FAO. De acordo com a mesma fonte, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, anunciou que aderirá à greve neste Domingo.
O jejum de alimentação e bebida de Jacques Diouf começou às 20h desta Sexta-feira, no salão de entrada da sede da FAO, em Roma, onde passou a noite. Com este gesto, o director-geral espera que a pressão da opinião pública contribua para assegurar a resolução do problema.
“Temos os meios técnicos e os recursos para erradicar a fome no mundo, por isso trata-se de uma questão de vontade política, e a política é influenciada pela opinião pública”, afirmou o responsável aos jornalistas.
O director-geral da FAO referiu que “a silenciosa crise da fome – que afecta um sexto da humanidade – coloca um sério risco para a paz e segurança mundiais”. Por isso, “precisamos urgentemente de chegar a um consenso alargado sobre a rápida e total erradicação da fome no mundo”.
A organização das Nações Unidas estima que, em 2009, mais de um bilião de pessoas passem fome, um acréscimo de cem milhões em relação ao ano passado.
Jacques Diouf lançou esta semana uma petição em www.1billionhungry.org. Os visitantes do site podem registar a sua concordância à declaração de que o fim da fome e da malnutrição deve ser a primeira prioridade mundial.
Com Rádio Vaticano