Uma voz portuguesa pelo Darfur

Pe. Feliz, missionário Comboniano, trabalha na região sudanesa desde 2006

O Pe. Feliz da Costa Martins é uma voz portuguesa que se levanta em favor do Darfur, região onde vive há mais de 20 anos. O seu trabalho, em Nyala, desde 2006, centra-se nos principais campos de refugiados desta zona sudanesa, gente a quem a guerra tirou as suas terras.

O conflito que desde Fevereiro de 2003 se arrasta no Darfur, região ocidental do Sudão, é descrito pela ONU como uma das piores crises humanas de sempre, afectando cerca de 3,6 milhões de pessoas. Os confrontos entre grupos rebeldes, forças de segurança e as milícias «Janjaweed» continuam por controlar. Aldeias inteiras foram arrasadas e centenas de milhares de pessoas já perderam a idade.

O missionário Comboniano participou na última iniciativa promovida pela Plataforma por Darfur (www.pordarfur.org), uma Mesa-Redonda na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, seguida de uma acção de rua, com concentração no Rossio.

Um conflito sem fim à vista que, para o Pe. Feliz, só poderá ser resolvido quando não houver armas nas mãos dos civis. Mesmo as autoridades receiam o confronto.

“A ONU, que lá está, passeia, faz as patrulhas, mas não se vê avanço”, aponta.

O sacerdote português sublinha que “os missionários já estavam na região antes do conflito armado no Darfur. O nosso papel, agora, junta-se ao das agências humanitárias, e continua a ser o papel da Igreja”.

Muçulmanos, cristãos, animistas, todos estão unidos no mesmo drama, a que se unem os refugiados do Sul do país. O número de deslocados no interior do Sudão ronda os 1,9 milhões de pessoas, que procuram os acampamentos em busca de segurança e de um mínimo de condições para sobreviver.

Pedro Matos, do Programa Alimentar da ONU, alerta para o risco de se “ignorar” toda a informação que chega sobre este conflito, sentimento partilhado pelo Pe. Feliz, para quem a desmotivação da opinião pública pode vir “da rotina”.

“No princípio, esta guerra deu muito que falar, mas depois de 5 anos, parece que as agências humanitárias podem não ser tão bem assistidas como antes. Também a comunicação social vai deixando de falar no Darfur”, lamenta.

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e destruída a aldeia pelas tropas governamentais

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