Turismo na Diocese do Algarve

D. Manuel Quintas refere melhoria do acolhimento e aponta oportunidades de transmissão da mensagem cristã

O acompanhamento dos visitantes que chegam ao país tem sido uma das prioridades da Igreja, que vê no turismo uma oportunidade para a transmissão da mensagem cristã. Apesar das suas potencialidades, o Bispo do Algarve considera que as dioceses correm o risco de secundarizar a importância da mobilidade humana. Esta atitude decorre do facto de, durante o Verão, as paróquias perderem o dinamismo que as caracteriza ao longo do ano.

Para alterar esta atitude, D. Manuel Quintas considera que a Pastoral do Turismo tem que ser contínua. A Comissão Episcopal para a Mobilidade Humana, a que pertence, concluiu que é importante dar mais autonomia a este sector, ajudando as dioceses a acolher os 12,3 milhões de pessoas que, segundo dados de 2007, visitaram o país.

Admitindo que ainda está "a dar os primeiros passos" na matéria, o Bispo do Algarve ficou surpreendido quando soube que, em 2008, a actividade turística movimentou mais de 900 milhões de pessoas em todo o mundo, número que, de acordo com as previsões, quase duplicará nos próximos 10 anos.

Além dos visitantes que chegam – e que partem – a Igreja é chamada a acompanhar as pessoas directa e indirectamente ligadas a esta indústria. Por outro lado, é necessário distinguir e dar respostas específicas às motivações dos turistas, à época do ano em que viajam e à sua faixa etária. Para D. Manuel Quintas, "a presença da Igreja deve, acima de tudo, levar as pessoas a viverem esses momentos da sua vida à luz da fé".

Evolução no acolhimento

Em entrevista ao programa 70X7, o Bispo do Algarve referiu que o acolhimento que a Igreja oferece aos visitantes "está a ser o possível", não sendo "ainda o desejável".

Durante os últimos anos, tem sido feito um esforço na melhoria de várias dimensões relacionadas com o acolhimento e acompanhamento dos visitantes: há mais missas celebradas em língua inglesa; os horários das celebrações têm sido adaptados às conveniências dos turistas; já se conseguiu que, no litoral e nas principais cidades, as igrejas fiquem abertas durante todo o dia, não obstante as dificuldades inerentes ao financiamento de colaboradores que acolham, informem e assegurem a segurança.

Depois de reconhecer que muitos padres que estão de férias no Algarve se oferecem para colaborar nas paróquias, D. Manuel Quintas referiu que gostaria de aperfeiçoar os frutos dessa disponibilidade: "Se conseguíssemos coordenar um bocadinho melhor esse serviço, e esperamos fazê-lo, com o tempo, talvez pudéssemos ainda dar uma resposta mais adequada a quem nos procura".

Tempo de festa

O Verão é igualmente marcado pelo fluxo dos emigrantes que regressam ao país, constituindo um género específico de turistas.

Em tempo de romarias e festas tradicionais, o Bispo do Algarve destacou a vertente espiritual dessas celebrações: "Quando se promovem actos religiosos locais, que reflectem a fé de um povo, e que exprimem também a tradição viva de uma Igreja que não foi só passado, mas é também presente, estamos diante de um acto benéfico, desde que se saliente bem a sua dimensão religiosa, e que esses actos sejam verdadeiramente expressão pública de fé".

Neste sentido, D. Manuel Quintas considera que seria um empobrecimento se essas festas se reduzissem a manifestações culturais e sociais que não têm a ver com a riqueza espiritual do povo.

Cultura ao serviço da espiritualidade

A recuperação do património religioso, a realização de exposições e a abertura de roteiros turísticos constituem oportunidades para o enriquecimento cultural e espiritual dos turistas.

A exposição «Stella Maris», que decorre no Paço Episcopal de Faro, é um exemplo das propostas que a Igreja oferece aos turistas no campo do lazer, do património e da religiosidade. Para o prelado, a mostra revela a "característica mariana do povo algarvio, (…) que esteve bem presente durante a [recente] visita da imagem peregrina" às paróquias da diocese.

A diocese do Algarve tem estado aberta a uma acção conjunta com parceiros estatais e privados. D. Manuel Quintas considera que "da convergência resultará um bem para todos".

Uma das mais recentes parcerias envolveu a recuperação da capela do antigo Arraial Ferreira Neto. O complexo, que nasceu para alojar as famílias que trabalhavam na indústria do atum, foi reconvertido numa unidade turística de referência.

O pároco de Tavira, Pe. Dinis Faísca, refere que a presença da Igreja foi solicitada pela instituição hoteleira. A missa, celebrada quinzenalmente, congrega os veraneantes alojados na unidade turística, assim como os habitantes de Tavira que se encontram afectivamente ligados à primitiva origem do complexo. Dois mundos que se cruzam numa única celebração da fé.

Foto 1: Exposição «Stella Maris»
Foto 2: Capela do antigo Arraial Ferreira Neto

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