Mensagem do Bispo do Funchal

Para o Dia da Igreja Diocesana – 7 de Junho de 2009

Mensagem Pastoral de D. António Carrilho, Bispo do Funchal, para o Dia da Igreja Diocesana – 7 de Junho de 2009
“Baptizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo.”
(1Cor 12, 13)
Escolheu a Diocese do Funchal a Solenidade Litúrgica da Santíssima Trindade para celebrar, em cada ano, o Dia da Igreja Diocesana. Contemplando o mistério de Deus, na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, temos uma excelente oportunidade para consciencializar e aprofundar o sentido da Igreja como mistério de comunhão e caminho de unidade, tanto no âmbito local como na sua dimensão universal. Na verdade, a Santíssima Trindade é Fonte inesgotável da Vida e da Comunhão, que se há-de reflectir em todas as comunidades cristãs.

Celebrando a Trindade, no fim do tempo Pascal, a Igreja celebra a plenitude da revelação do Amor de Deus, Uno e Trino, que, pela filiação divina, habita em todos os baptizados: “Quem me ama, meu Pai o amará e Nós viremos a ele e faremos n’Ele morada” (Jo 14, 23). Nesta intimidade e comunhão de Vida e de Amor, o homem atinge a sua verdadeira identidade, a mais alta dignidade e plenitude.
A Santíssima Trindade é, também, Fonte inspiradora da verdadeira comunhão eclesial e de toda a fraternidade humana e cósmica. A Igreja, fiel ao seu Fundador e Mestre, Jesus Cristo, prossegue a caminhada pela História, celebrando os louvores e adorando a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, que a chamou das trevas para a sua Luz admirável (cf. 1 Ped 2,9).

Unidade e comunhão, na diversidade de carismas

O Concílio Vaticano II reconhece que a Igreja de Jesus Cristo se realiza e concretiza em cada Igreja particular, a Diocese (LG, 26). No entanto,  a Vida em abundância, que jorra da Santíssima Trindade, gerando vitalidade, unidade, comunhão e amor, não se esgota na Igreja local: abre-se à comunhão da Igreja universal, com a multidão dos crentes dispersos por todo o mundo e com aqueles que já partiram para a Casa do Pai.

A celebração do Dia da Igreja Diocesana tem como objectivo principal a tomada de consciência de que somos povo de Deus, família de crentes, sinal visível de unidade e de comunhão, Igreja viva, empenhada em viver o dinamismo do Espírito Santo, conforme o desejo de Cristo: “Pai Santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim como Nós” (Jo 17,11). A Diocese será, sem dúvida, um espaço privilegiado para viver a unidade, que é sinal visível da divina Beleza Trinitária.

Lembro a todos os sacerdotes que sensibilizem o povo de Deus para o sentido eclesial deste Dia, em particular as famílias cristãs, justamente consideradas comunidades de vida e de amor. Que os cristãos das nossas paróquias amem e sintam que são verdadeiramente “filhos da Igreja” e participem activa e profundamente na sua vida e missão. Que todos os Baptizados testemunhem a alegria da vivência da fé, assumam com renovado vigor o anúncio do Evangelho e possam dizer como S. Paulo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira e guardei a fé…” (2 Tim 4,7).

É o Espírito Santo que orienta e enriquece a Igreja com diversos carismas, dons espirituais e ministérios, em ordem à sua edificação e santificação, e a conduz para a Verdade total (cf. Jo 16,13).
S. Paulo recorda-nos que todos somos um só corpo em Cristo Jesus. “O olho não pode dizer à mão: não preciso de ti, nem a cabeça dizer aos pés: não necessito de vós…” (1 Cor, 12,21). E porque somos um só Corpo, que tem Cristo por Cabeça, todos os baptizados são corresponsáveis pela vitalidade deste mesmo Corpo, no testemunho de vida, na comunhão do amor e no serviço à Igreja e à Sociedade. Esta unidade e comunhão eclesial são imprescindíveis no serviço pastoral e no anúncio fecundo da Palavra: “A autêntica unidade da Igreja é sempre fonte inesgotável do espírito evangelizador”, disse Bento XVI.
 
Abrir-se à novidade do Espírito
Caros diocesanos da Madeira e Porto Santo: a nossa solicitude pastoral impele-nos a participar nos desafios que hoje nos são propostos, em ordem a uma maior fidelidade a Cristo, à Igreja e à Humanidade. Conto convosco, neste percurso da história da Igreja da pós-modernidade. Prosseguimos juntos, na participação e corresponsabilidade de todos na pastoral diocesana, na partilha de carismas e ministérios complementares, anunciando o Evangelho da Vida, celebrando os Sacramentos e testemunhando o amor de Cristo, em gestos concretos de solidariedade, entreajuda e comunhão eclesial. Da clara Luz da Trindade recebemos com “plena sabedoria e inteligência o conhecimento da Sua vontade” (Ef 1,8), para servir a família humana com generosidade e alegria, os de próximo e os de longe, especialmente os mais carenciados e excluídos.

À luz deste admirável mistério do Amor, fazemos a releitura da vida concreta desta nossa Igreja particular, através das múltiplas vicissitudes humanas e espirituais, feitas de luz e sombras. Entregamos toda a realidade da vida a Cristo morto e Ressuscitado, o Senhor da História, cuja Luz resplandece na face da Igreja e renova todas as coisas.

Viver o dinamismo do Amor Trinitário na Igreja implica viver a comunhão da Caridade e abrir-se à novidade do Espírito de Deus, Fonte de Vida. É “fazer-se ao largo”, no mar da história, com renovado ardor e paixão por Cristo, face ao indiferentismo e hostilidade da actual cultura da morte, de um novo humanismo sem Deus.
 
Palavra de saudação e estímulo
Neste Dia da Igreja Diocesana, saúdo com profunda alegria e amizade toda a Diocese do Funchal: sacerdotes e diáconos, religiosos e religiosas, membros de institutos de vida consagrada, associações e movimentos eclesiais, famílias e leigos, em geral. Saúdo, com particular afecto, todos aqueles que sofrem a doença ou solidão, a falta de condições para uma vida digna, a falta de capacidade e de eventuais apoios para se promoverem e superarem a degradação dos vícios e comportamentos, que desviam do caminho da paz e serenidade, da alegria e felicidade.

Ao mesmo tempo que a todos saúdo e por todos rezo, peço aos sacerdotes que, nas Eucaristias deste Dia da Igreja Diocesana, tenham uma palavra de estímulo à vivência da unidade e comunhão, na vida das respectivas comunidades paroquiais e de toda a Diocese, e incluam no momento da “oração universal” uma prece pelas necessidades mais sentidas à nossa volta e pelas intenções que nos são recomendadas.

O Dia da Igreja Diocesana não tem uma celebração única e num só lugar. Será, sobretudo, o espírito de unidade e comunhão, que consigamos proclamar, semear e promover, inspirados no coração da Santíssima Trindade, Fonte inesgotável de Vida e de Amor.

Funchal, 7 de Junho de 2009
D. António Carrilho, Bispo do Funchal

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