O que significa hoje a Vida Consagrada?

Os religiosos e religiosas de Portugal querem ser conhecidos e reconhecidos, mas para isso é preciso repensar a forma como comunicam com a sociedade de hoje. Muitos são os desafios que se levantam a estes homens e mulheres, recordados num Dossier da Agência ECCLESIA por ocasião do dia da Vida Consagrada, que a Igreja celebra a 2 de Fevereiro. O presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), o sacerdote Dehoniano Manuel Barbosa, admite que “há desafios concretos que permanecem e outros que vão surgindo”, destacando em particular “o lançamento da página da CIRP na Internet, a edição de um Anuário CIRP e uma atenção redobrada à comunicação”. Em estudo está também a a publicação de um estudo para assinalar o I Centenário da expulsão das Ordens e Congregações na I República e a participação num Congresso Internacional sobre as Ordens Religiosas, em 2010. Na Igreja Católica, a vida consagrada é constituída por homens e mulheres que se comprometeram, pública e oficialmente, a viver (indivualmente ou em comunidade) os votos de pobreza, castidade e obediência para toda a vida. Hoje inclui leigos, sacerdotes, religiosas e religiosos. AIr. Fátima Pires escreve que “os votos de pobreza, castidade e obediência são uma força nesta caminhada. Através do voto de castidade tornamo-nos mais livres para amar Jesus Cristo e nos deixarmos amar por Ele, para amar a todos com coração universal. O voto de obediência torna-nos mais livres para uma resposta pronta ao chamamento que Deus nos vai fazendo em cada momento, assim como a participar com Cristo na sua missão redentora. O voto de pobreza também nos torna mais livres e desprendidas do supérfluo, mais atentas ao essencial”. D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, pede na sua mensagem para este dia que “São Paulo nos ajude a perceber e a viver nesta certeza de fé a alegria e a generosidade de consagrados(as) e a descobrir o sentido permanente de vidas dadas por amor onde o rosto da Igreja se faz mais belo e se torna mais eficaz a sua missão”. O Pe. Abílio Pina Ribeiro, claretiano especialista nas questões da vida consagrada, diz que estas pessoas “não são mais do que os outros fiéis cristãos. Seria uma insensatez pensá-lo. A sua vocação, porém, leva-os a aspirar sempre a mais entrega, a dar respostas mais evangélicas e actualizadas”. Para a Ir. Deolinda Rodrigues, Missionária Dominicana do Rosário, estamos em face de uma “tremenda crise de vocações e envelhecimento das comunidades, que muito nos faz sofrer”. Para ela, “ser religiosa hoje, é uma grande sorte e até um privilégio, apesar de, humanamente, tudo parecer o contrário. Mas eu, não só o afirmo com plena convicção, como profundamente o agradeço”. A Ir. Maria Júlia Bacelar trabalha junto de “mulheres vítimas de exploração sexual, no tráfico de pessoas ou em práticas de prostituição, na violência conjugal ou na exclusão social”.Ela e as suas irmãs de comunidade procuram ser “geradoras de Vida, alimentadas na Eucaristia que depois se prolonga fora do templo”. Segundo o Pe. Leonel Claro, Missionário Comboniano, a vida consagrada de dimensão marcadamente missionária é uma “desafio de alto risco”. “No mundo em que vivemos cada um por si, onde cada um tem tudo, onde a fraternidade tende a desaparecer, onde não preciso de sair de casa para ter tudo; como propor a um jovem uma vida de partilha, de fraternidade, de vida comunitária, de serviço, de dom total da sua vida em situações de guerra de violência de aniquilamento dos direitos humanos fundamentais?”, questiona. Depois de todos estes testemunhos, regressa-se à questão inicial: como devem os religiosos e religiosas comunicar com a sociedade? Carlos Liz, especialista que tem trabalhado com os religiosos portugueses na área do Marketing, afirma que “a Vida Religiosa com as suas largas variantes em feminino e masculino, contém uma forte afinidade com a Contemporaneidade que, precisamente, valoriza a diferenciação de propostas de valor”. “Este traço identitário do Universo Religioso –a pluralidade de abordagens, historicamente testadas – deveria abrir caminho para um irresistível impulso à comunicação com o exterior, com todos os exteriores possíveis, enriquecendo o debate social, dando o seu contributo, exercendo o direito próprio em sociedades abertas e cada vez mais colaborativas”, conclui. Dossier AE • Mensagem para o Dia do Consagrado • Desafios à Vida Religiosa em Portugal • «Não só vale a pena, como vale a alegria» • Ser consagrada, hoje • Os religiosos e a comunicação para a sociedade • Consagrado e missionário hoje • Adorar em todos os momentos da vida • A instrução sobre o serviço da autoridade e a obediência

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