Bispo de Viseu diz que «a crise maior é a falta de acolhimento à Vida»

No primeiro dia do ano, a Liturgia coloca-nos na centralidade de Deus, protegendo-nos e orientando-nos para sermos bem sucedidos ao longo de todo o ano. Deus quer estar presente na vida dos homens para a todos presentear com as Suas Bênçãos e com o Seu Amor. A fonte de todas as bênçãos é Deus e todas elas nos vêm por Jesus Cristo, enviado do Pai como Salvador. Está aqui o centro da acção de Jesus Cristo – tornar-nos filhos de Deus, assumindo-nos como Seus irmãos para sermos, com Ele, herdeiros do Céu e de toda a glória que nos vem do Pai. A Salvação que nos vem de Deus é mesmo importante – significa que as crises, as dificuldades, as doenças, as injustiças, as guerras, as maldades … têm saída. Com Deus, com as Suas bênçãos e com a Sua paz, não há fracasso que resista. A própria morte, enquanto fim de todos os projectos, nesta vida e nesta terra… até a morte tem saída… Jesus Cristo, homem connosco, venceu a morte e ensinou-nos o Caminho… Ele próprio é o Caminho, a Verdade e a Vida… Este Ano 2009 que hoje começa é a prova de que há futuro, esperança e vida para além dos nossos limites e de tudo aquilo que vai sendo fracasso no mundo, à nossa volta… Passada toda a correria das Festas de Natal e de passagem de ano; talvez um pouco ensonados porque quisemos dar as boas-vindas ao Novo Ano… somos convidados a contemplar todas estas bênçãos e promessas de Deus num quadro vivo, cheio de ternura e de mensagem: o Filho de Deus tornado Menino no colo de Maria – o Filho de Deus entregue aos homens. Um Menino no colo de Sua Mãe!… Tudo a parecer muito natural, envolvendo o mistério maior que se pode sonhar ou desejar. Entrando fundo neste mistério, reagimos como Maria – ouvimos, vemos e guardamos no coração, sem juízos e sem conclusões, para não estragarmos a contemplação do que está a ver-se. Nesta atitude, atenta mas silenciosa e contemplativa, somos levados a admirar os efeitos do Natal: o Verbo – o Filho de Deus – é nosso Irmão; Deus – o Pai de Jesus – é também nosso Pai; Maria – a Mãe de Deus Filho – é também nossa Mãe; o Céu – a Casa de Deus e o Seu Paraíso – é também nossa Casa; o mundo – a casa dos homens – é também casa de Deus; Deus – o Emanuel – é mesmo o Deus Connosco; cada homem ou mulher – em qualquer lugar ou país do mundo – é também filho e filha de Deus e é, portanto, meu irmão e minha irmã… Quanta dignidade e grandeza mas, também, quanta responsabilidade deriva de todas estas verdades!… Para um Cristão, o Natal tem mesmo consequências transformadoras. Saber que Deus Se fez Homem e Menino como qualquer um de nós para salvar e dar saída feliz a todos os homens, leva a ir aprender os valores do Evangelho e leva a contemplar o Caminho, a Verdade e a Vida que nos são propostos… A Sociedade está a precisar de aprender, com Maria, a contemplar o Natal e a guardar no coração o quadro belo, terno e simples que hoje vemos no Evangelho… Por antítese com este quadro, a terra de Jesus está a mostrar-nos o quadro mais negro possível e a interrogar-nos sobre os caminhos actuais para viver o Natal… Passam sempre por olhar os outros como irmãos, com os mesmos direitos que eu a serem felizes… Sem Justiça não haverá Paz!… Sem Solidariedade não haverá Amor!… Sem Partilha não haverá Igualdade!… Sem Justiça, Solidariedade e Partilha não haverá Fraternidade!… Sem Paz, Amor, Igualdade e Fraternidade não haverá Fé Cristã e, por isso, não haverá verdadeiro Natal!… Então, que “o Senhor nos abençoe e nos proteja. O Senhor faça brilhar sobre nós a Sua face e nos seja favorável. O Senhor volte para nós os Seus olhos e nos conceda a paz”. A Paz é o grande dom de Deus. Celebramos, neste 1º dia do ano, o Dia mundial da Paz. É o grande voto para os seus 365 dias, como condição para todos os outros bens… O Santo Padre dá-nos uma Mensagem para este dia que intitula: “Combater a pobreza, construir a Paz”. Indica 2 princípios fundamentais: Fraternidade e Responsabilidade. Nesta era da globalização social e mundial, requer-se uma solidariedade global. Para todo o mundo, o desenvolvimento é o novo nome da Paz, já o dizia Paulo VI. Não existe somente pobreza material. A imaterial é, ainda, mais grave. Passa pela marginalização, pelo esquecimento e exclusão, pela falta de relações, pela condenação às pandemias. É pobreza material, moral e espiritual. É falta de respeito pela dignidade transcendental da pessoa humana. A pobreza, toda ela, abrange e atinge, de modo especial, as crianças – o presente e o futuro da terra e da humanidade. Esta é a maior crise dos nossos dias – as crianças não se sentem acolhidas, para nascerem e crescerem felizes… Que este ano seja de esperança na luta contra todas as pobrezas e no amor a todos os pobres. Que o Senhor nos dê a Sua Paz!… AMEN!… Ilídio, bispo de Viseu

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