Ano C – Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria

Acolher o sim de Maria

Por feliz coincidência, neste segundo domingo do Advento celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.

Recorrendo à história mítica de Adão e Eva, a primeira leitura mostra o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência. Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.

O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu sim total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.

O evangelista Lucas apresenta o diálogo entre Maria e o anjo. A conversa começa com a saudação do anjo. Na boca do anjo, são colocados termos e expressões ligados a contextos de eleição, de vocação e de missão. Estamos diante do relato da vocação de Maria: a visita do anjo destina-se a apresentar uma proposta de Deus à jovem de Nazaré.

Deus propõe a Maria que aceite ser a mãe de um filho especial, que ela aceite ser a mãe desse messias que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas.

A resposta de Maria começa com uma objeção, mas o anjo garante-lhe que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Apesar da fragilidade de Maria, Deus vai, através dela, tornar-se presente no mundo para oferecer a salvação a todos os homens.

O relato termina com a resposta final de Maria: “eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição em cumprir o projeto de Deus com fidelidade.

A história vocacional de Maria deixa claro que, na perspetiva de Deus, não são o poder, a riqueza, a importância ou a visibilidade social que determinam a capacidade para levar a cabo uma missão.

Deus age através de homens e mulheres, independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que se acolhem e testemunham as propostas de Deus.

Que o exemplo de vida de Maria Santíssima, nossa Mãe Imaculada e Padroeira de Portugal, nos fortaleça na caminhada do Advento, fomentando em nós e à nossa volta o amor e a ternura, a simplicidade e o serviço, a justiça e a paz.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

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