II Congresso Nacional da Escola Católica promoveu conferência sobre «Promover a mulher», dedicada a terceiro compromisso do Pacto Educativo Global
Fátima, 11 out 2024 (Ecclesia) – A presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Maria do Rosário Farmhouse, valorizou esta quinta-feira, no II Congresso Nacional da Escola Católica, em Fátima, o papel da escola católica na educação das meninas e mulheres.
“Em muitos pontos do mundo foi graças às escolas católicas que muitas meninas conseguiram ter acesso à educação. Ainda continua a ser nalgumas zonas do planeta a única forma de terem educação”, afirmou perante 350 educadores católicos.
A ex-presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) refere que quando a cultura considera que educação não é importante, mas existe uma “escola católica atenta”, é possível que meninas tenham acesso à instrução.
Rosário Farmhouse foi a primeira a intervir na conferência “Promover a mulher”, dedicada ao terceiro compromisso do Pacto Educativo Global, que visa “favorecer a plena participação das meninas e adolescentes na instrução”.
A conferencista assinalou o reconhecimento que João Paulo II, na carta apostólica “Mulieris Dignitatem”, dá às mulheres, bem como o Papa Francisco que, nos inúmeros discursos e textos, fala da importância que têm na participação ativa das sociedades, mas também na educação.
Rosário Farmhouse manifestou o desejo de que existirem mais mulheres a tentar resolver os conflitos no mundo “que estão tão aguerridos, seja no Médio Oriente, seja na Ucrânia”, ou noutros “pontos do mundo menos visíveis”.
“As mulheres têm, então, esta capacidade de promoção da cultura do encontro e da paz, especialmente em contextos educacionais, onde podem ensinar esses valores de solidariedade, respeito e inclusão”, sublinhou.
Para isso, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa considera que é importante que mulheres tenham “igualdade” e “equidade” de oportunidades na educação.
“Temos que encontrar maneira de garantir que as meninas, que as mulheres, têm esse papel fundamental e que têm essa capacidade de poderem ter acesso às mesmas respostas. Não só enquanto alunas, mas também enquanto professoras, enquanto líderes, enquanto líderes do ensino das instituições católicas, têm as mesmas oportunidades”, referiu.
Falando na diversidade de alunos, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa desafiou os participantes do encontro a encontrarem nas escolas lugares próprios para cada aluno poder ter o “seu desenvolvimento integral garantido e crescer enquanto pessoa”.
Rosário Farmhouse exortou ainda a escolas valorizarem o melhor de cada aluno e a terem os “rankings das melhores pessoas e não os rankings da matemática e do português”.
No final da intervenção, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa deixou algumas preocupações a ter com as crianças em ambiente escolar, nomeadamente a garantia de participação ativa de todas e a atenção a sinais de maus-tratos.
“Tem havido uma preocupação por parte da APEC de formação na área da prevenção dos maus-tratos na infância. Os maus-tratos são transversais a todas as classes sociais e é muito importante estar atento para poder proteger as crianças”, reforçou.
António José Franco abordou a experiência como Diretor Pedagógico do Colégio da Imaculada Conceição – Cernache, destacando o trabalho levado a cabo na promoção da mulher. “A escola que eu liderei durante seis anos e na qual já estava há 24 anos, sempre lembro de ter uma política de género, uma política inclusiva, ainda antes de se falar em inclusão. E essa política estava patente, não só na admissão de professores, mas na própria admissão dos alunos”, enfatizou. O conferencista enumerou casos de alunas que chegaram à escola, “muitas vezes com histórias de vida terríveis”, e que hoje desempenham “funções muito importantes”. “E posso dizer-vos que um dos casos mais impactantes que tivemos de uma aluna nossa, no final do curso, quando houve necessidade de contratar alguém para a escola, nem nos passou pela cabeça contratar outra pessoa que não fosse aquela aluna”, contou. A irmã Teresa Ramos, das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, foi a última do painel a intervir, afirmando que não saber pensar a própria vida “sem o envolvimento da escola e especificamente da escola católica”. “[Escola Católica] foi um espaço muito importante onde cresci como cristã, tive a oportunidade de conhecer Jesus e também de querer estar ao serviço da missão de Deus”, referiu. A escrava do Sagrado Coração de Jesus foi aluna do Colégio Amor de Deus em Cascais e conta que quando quis trabalhar como professora, enviou o currículo para várias escolas católicas onde gostaria de trabalhar e as “circunstâncias fizeram” com que voltasse à escola onde tinha estudado. “A missão das escolas católicas, de facto, é uma missão que eu posso pôr ao serviço com aquilo que sou como escrava do Sagrado Coração de Jesus, também através da educação e acompanhando o crescimento de tantas pessoas que nos são confiadas”, desenvolve. A irmã Teresa Ramos garante ter sido “uma pessoa muito feliz a crescer e a trabalhar numa escola católica”. “E é com imenso entusiasmo que continuo esta missão com, na, para a igreja e como escrava nas obras que nós temos, mas também como escrava em colaboração com tantas obras que temos na educação”, expressou. Promovido pela Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) e o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), o II Congresso da Escola Católica continua hoje, subordinado ao tema “Escola católica – identidade e pacto num mundo global”. |
LJ/OC