Lisboa: Paróquia dedicada às pessoas em situação de sem-abrigo «vai ganhar forma e corpo no Jubileu da Esperança»

D. Rui Valério destaca que projeto «vai acontecendo», visando partilhar «a maior riqueza que a Igreja tem, o próprio Deus e a sua misericórdia»

Lisboa, 09 out 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa disse que a paróquia dedicada às pessoas em situação de sem-abrigo “está numa fase de reflexão”, adiantando que é um projeto que vai “ganhar forma e corpo no Jubileu da Esperança”, no Ano Santo 2025.

“Ela, de certa forma, já vai acontecendo, porque quando, pelo menos tento uma vez por mês, eu e tantos outros, temos a Comunidade de Vida e Paz, acompanhar grupos de voluntários que levam aos sem-abrigo alimentação, roupa, também medicamentos, a minha presença e o meu aproximar-me dos irmãos e das irmãs que estão na rua, não é tanto para lhes oferecer o alimento que há quem o faça”, disse D. Rui Valério, em declarações aos jornalistas, esta terça-feira, no Mosteiro de São Vicente de Fora.

O patriarca de Lisboa explicou, que nesses encontros com as pessoas em situação de sem-abrigo, dialoga com eles, escuta-os “profundamente”, e quando a pessoa “é proveniente de uma experiência de Igreja”, que foi interrompida, “por razões que normalmente estão ligadas à circunstância de estar na rua”, lançam o convite.

“O convite para a participação nos sacramentos que a Igreja tem e também, por vezes, há a possibilidade da pessoa se reconciliar através da confissão”, acrescentou.

Segundo D. Rui Valério, a paróquia destinada às pessoas em situação de sem-abrigo na Diocese de Lisboa, é vista neste horizonte, não era tanto para incidir sobre a oferta, “não só para oferecer o pão, a roupa, os medicamentos e outro auxílio que seja necessário”, mas para levar aquilo que “é a maior riqueza que a Igreja tem, que é o próprio Deus e a sua misericórdia”.

Segundo o patriarca de Lisboa essa “paróquia muito especial”, que querem “que seja nominal, está numa fase de reflexão” e de planeamento, “porque mobiliza não só forças humanas como alguma logística para que ela aconteça”, explicou após a apresentação dos programas para o ano pastoral e para Jubileu da Esperança.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

No contexto do novo ano pastoral, o responsável diocesano salientou que vão estar “mais atentos e mais envolvidos e mais comprometidos” com a promoção da justiça, com a promoção da paz, “com os doentes, com os jovens, com os que mais necessitam, mas também com as famílias, com as crianças”, e “não apenas” uma atenção redobrada e reforçada na caridade, no amor e no serviço, “que é necessário dispensar para os nossos irmãos e irmãs sem-abrigo”.

“A esperança verdadeiramente é um caminho que nos proporciona a capacidade de construir este tempo que é novo à imagem de um protótipo que temos como referência principal, Jesus Cristo”, salientou.

Questionado sobre o fosso entre pobres e ricos na sociedade portuguesa, que parece que é cada vez maior, o responsável católico partilha que a sua perspetiva é que estão “todos no mesmo barco, e este barco é a nação”.

Acredito e quero acreditar que nós todos estamos a desenvolver os mesmos esforços, as mesmas preocupações, o mesmo compromisso para que haja uma promoção social global”.

Considerando que existe um “subjetivismo individualista e exacerbado no qual a cultura está profundamente mergulhada”, o patriarca de Lisboa salienta que a Igreja “diariamente tenta traduzir em miúdos o mandamento do amor”, que quando é enviado e quando é transmitido, “não tem fronteiras, mas quer chegar mesmo a todos, todos”.

“Em Portugal, progressivamente, pouco a pouco, fruto da obra, do sacrifício e do esforço, e também da genialidade dos portugueses, nós temos conseguido passos significativos nessas matérias. Eu creio também que todos os governos, sucessivamente, se têm empenhado para conseguir essa promoção ao nível da justiça social. Mas também todas as outras forças da sociedade estamos a caminhar no mesmo sentido”, pontou D. Rui Valério.

Oresponsável católico acredita que “com o mesmo esforço e com o mesmo espírito de sacrifício”, e também com o mesmo empenho “e com a mesma fé e com o mesmo sentido de esperança”, a sociedade vai ser capaz de “alcançar outros patamares e outras metas”.

CB/OC

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